segunda-feira, dezembro 27, 2010


Meu mundo ilustrado



Paper clips and crayons in my bed
Everybody thinks that I'm sad
I'll take a ride in melodies and bees and birds
Will hear my words
Janta – Marcelo C
amelo


Com aquela mesma flauta que eu vou tocando a vida, vou desenhando um caminho de notas musicais pra ver se tudo fica mais doce. Igual ao sol que eu costumo arranhar no violão nos dias nublados que é pra ver se as coisas passam a clarear.

Me apeguei nas cantigas de roda, no verso tímido, no reza sem jeito, no sorriso solto e no abraço apertado. Me refiz aos goles e hoje já sinto aquele gosto de sonho recém colocado na vitrine pela confeiteira. Joguei todas minhas fichas na fonte encantada apostando com fé que as coisas poderiam dar jeito.

Deve ser porque eu tenho esses dois olhões para o que é pequeno e porque me apego rápido às coisas simples que deixam a gente de riso solto, fala mansa... feliz fácil, fácil.

Deito na grama inventada, admiro as cores do arco-íris desenhado pela mocinha que ainda não sabia desenhar muito bem, observo o balão colorido que vai subindo, subindo em direção ao sol numa garoa mansa de fim de tarde.

Ilustro algumas bolhas de sabão que acabaram de sair do canudo que é pra acompanhar, me prendo a elas com a mesma linha do carretel do menino da pipa, e vou subindo em direção as nuvens que vão formando desenhos geométricos.

Com os olhos repletos de sorrisos e os braços carregados das esperanças, subia, subia, não para atingir o pico mais alto, quebrar os recordes e correntes que me aprisionavam, mas sim para continuar subindo para o infinito e além. Não sentido dor, nem fome, nem cansaço, nem peso,nem nada. Sentia leve, sentia pluma, sentia pluma ao vento, sentia o vento que levou a folha, desmanchou meu castelo nas férias da praia, aquele mesmo que transformou tudo em reticências.

Se a bolha estourar, me penduro na linha da letra garranjo do menino da pipa, me apoio na interrogação, me escondo na entrelinha, viajo no sentimento aclamado da exclamação. Só me desfaço e me esborracho no rasgo, no vinho sobre o papel ou no farelo da borracha.



quinta-feira, dezembro 16, 2010


Bolha de sabão ou Aquilo que se desmancha no ar

'Mas a gente vai à luta e inventa um novo sonho, uma esperança, mesmo recauchutada: vale tudo menos chorar tempo demais. Pois sempre há coisas boas para pensar. Algumas se realizam. Criança sabe disso.'
Lya Luft

Amanhã quando o sol der seu show, provavelmente você não vai mais me encontrar por aqui.

Deve ser porque só sei brilhar no escuro, enquanto todo mundo dorme, enquanto gente pequena conta carneirinho, enquanto alguém olha pra cima... enquanto as fábricas fumam descontroladas junto com os insones e com quem ainda não parou pra deitar os olhos.

Sei de cór o ronco dos motores que cortam sem dó as avenidas solitárias e as palavras de fé das senhoras que, acompanhadas do tercinho de pérolas enrolados entre os dedos, pedem paz, saúde, chuva ou sono. As canções de amor dos românticos que esperam na ou embaixo da janela me embalam e impulsionam a brilhar pra encantar quem ainda acredita numa noite azul de lua cheia e céu estrelado.

Nem que me pedissem eu não deixaria a história nem a escreveria novamente. Não sou o protagonista da noite, mas faço dela meu conto principal. Já que o sono não veio menina, eu te acompanho, continue pintando a vida, não tem problema se a tinta ultrapassar o contorno, continue tentando, você pode inventar uma nova tendência de colorir, repouse os olhos, o céu sempre permite condições de vôo, mas só se for pra ir bem alto, então, pegue impulso.

Você pode ser bem pequenininha é só bater os pés para flutuar; ter mil asas. Ser bailarina, cantora, mágica ou equilibrista, basta um estalar de dedos e num estante você chega até mim. Ilumino todo o caminho enquanto passeamos por toda a via-láctea, a gente pode chegar nos portões dos planetas e chamar pra brincar. Não vai precisar ficar de castigo, perguntar se está perdoado, tomar sorvete só depois do almoço e sair pra brincar na chuva. A gente pode desenhar um coração bem grande e colocar tudo o que a gente mais quer e mais gosta dentro. Colocar todo o pozinho reluzente do ‘tudo pode acontecer’ dentro de um pote de doce de leite da vovô e passar uma fita rosa em volta como se fosse presente....

Com o vapor da nossa respiração é como se o vidro fosse ficando um pouco embaçado e...

Amanhã ao abrir seus olhos, feito bolha de sabão que se desmancha no ar, provavelmente você não vai mais me encontrar por aqui e certamente não se recordará de mim, mas terá a certeza que o melhor do sonho é sonhar.


sexta-feira, dezembro 10, 2010


Baile de máscaras


Só porque a Colombina enfeitou meu carnaval...


Toda terça-feira de carnaval o bloco sai à rua. E as ruas que um dia sem sentido foram desertas se enchem de cores, serpentinas, confetes e marchinhas alegres que a moçada vai cantando em coro com ornamentos e rostos pintados.

A magia toma conta da cidade que até parece que esqueceu dos farrapos e das arquibancadas desertas. Fadas, colombinas, arlequins, piratas, o rei momo, ciganas e bruxas desfilam se misturando em meio a leões, tigres e algumas fantasias inomináveis.

Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô, dava para ouvir a alegria dos foliões e a felicidade estampada nos olhos por trás de toda maquiagem, às vezes escondidos por máscaras, porém felizes. É como se todos esperassem o carnaval chegar para espantarem seus medos, seus receios, seus pudores, liberarem suas fantasias.

A colombina está sozinha no bloco, apaixonada pelo pierrot que não gosta muito de sair de casa, sendo paquerada pelo arlequim toda astuto que a observa, calado, de canto de olhos.

Como quem sabe que carnaval é nuvem que passa, ela dançava ao som da marchinha de fora, no ritmo da música que batia por dentro. Fechava os olhos e lançava-se no sonho da magia do carnaval de fazer tudo virar pó de pirilimpimpim, na chuva de confetes, encantos e festins de serpentinas coloridas. Bailando em um campo de girassóis, respirando o perfume doce do jasmim, num movimento suave de mãos e pés rodopiantes, similar a alguém que não vai parar tão cedo, e nem quer que a meia-noite chegue logo.

Mesmo que a vida seja pesada e lhe doa por dentro ela continua hipnotizando quem vê suas cores cintilantes reluzentes, com sorriso de estrela e delicadeza de pluma, borboletando suas asas diante dos olhos do arlequim apaixonado e de quem acompanha o bloco passar.

Ela vira a esquina e se vai levando seu brilho e suas cores.

Amanhã a cortina se fecha e o dia acorda quarta-feira de cinzas.

quinta-feira, dezembro 09, 2010


Amarelinha


Como quem segura as continhas do terço rosinha com fé, ela prende a pedrinha entre os dedos e joga na casa 4. Mentalizando para que tudo dê certo e que ela não tenha que passar sua vez. Assim como quem perde uma oportunidade na vida, assim como quando você é o próximo da fila imensa e você esqueceu de algo em casa, assim como quem precisa enfrentar a vida tirando um coelho todo santo dia da cartola, assim como quem sacode a poeira e continua a caminhar, assim como quando você cai da bicicleta sem rodinha de apoio, rala o joelho e o papai dá toda a força necessária pra continuar a aprender.

Não que eu queira incentivá-la a perder e caso ela não acerte a pedrinha tudo bem, mas não há necessidade de ser sempre superfantástico. É preciso saber viver, saber ganhar e principalmente saber perder. É preciso saber ser feliz diante da torta de morango cremosa com calda de chocolate, da salada de chuchu e do prêmio recorde da loteria.

Independente se o prêmio seja o céu escrito em caligrafia ilegível do outro lado da amarelinha, ser escolhida primeiro na divisão dos times ou as barras de ouro que valem mais do que dinheiro, se não chover a gente vai pra rua brincar de pega-pega e se chover a gente vai também, só pra sentir os pinguinhos que caem nas nossas cabeças e molham os cabelos, e pra chutar as poças que se formam nos buraquinhos do asfalto que nos impossibilita de andar de patins nas férias.

E se a gente vivesse o resto dos nossos dias como se fossem eternos recreios? Não haveria sinal de entrar para classe, nem inspetora gritando para aproveitar os últimos cinco minutos, nós não seriamos tão mais alegres? Imagine se a gente pudesse viver feito propaganda de coca-cola, a cada gole uma sensação nova, um arco-íris na palma da mão, abrir sorrisos no rosto de alguém e com isso a felicidade, sem precisar comprar garrafas e mais garrafas de refrescância.

E se a gente passasse todo o tempo desse recreio jogando. Jogando conversas fora, risadas sem fim, olhares pela janela, bolinha de gude, botões com o titio, porque jogar por jogar não vale, só vale jogar e não se jogar, jogar por diversão. Por pura diversão, igual quando a gente vai à montanha- russa, e quer ser o primeiro do carrinho, e a sensação de sentar no meio ou em último é a mesma, assim quando estamos na roda gigante ou no carrossel.

O craque da pelada entre amigos, não será o vencedor de xadrez. Quem faz xeque-mate ganha a partida e não a melhor de 5. Quer saber, nem sempre o melhor do jogo é o melhor na vida.

E ela leva o braço lentamente para trás como um pêndulo e lança a pedrinha.

terça-feira, dezembro 07, 2010


Onde o mundo faz de conta


'Fantasias como vês, não faltam'
Caio F.


Em tempos como esses, a menina descalça dos olhos semente de romã, sorriso estampado, saia rodada e barra rasgada, remendada das mais coloridas linhas de esperança, precisa inventar outros caminhos, outras invenções, outras vidas para fugir um pouco dessa.

Caneta bic em mãos, uma história fantástica na cabeça, tintas e papéis são suficientes para viajar para caminhos dourados, brilhantes e iluminados que levem-na para o mundo das lantejoulas que choram alegrias pinga-pinga dentro dos olhos de quem vê.

Você pode até dizer que ela vive no mundo da lua, ela pouco vai se importar, vai sorrir mansinho e dar de ombros com carinho, e continuará desgrudando seus pés pequeninos, diariamente, do chão de imã, pontiagudo e seco, passando os dias inventando faz de conta que ela cruza os dedos com força pra que aconteça de verdade.

Lá onde ela se esconde o azul é mais azul e o céu é de brigadeiro. As cores da noite são mais intensas, pinceladas com a aquarela cintilante que torna o sonho real e as estrelas têm um brilho incomum. Ela arranha um sol no violão e deita na grama pra observar as borboletas que também povoam seu estômago num movimento de girar intenso que ela precisa pra viver.

Os pés descalços, sempre, é pra sentir melhor o chão, tatear espinhos perdidos, o caminho florido, a liberdade. Liberdade em escolher a areia, a lama, a casca de banana e o caco de vidro. Caminhos diversos que ela vai alterando de acordo com seu astral de menina que acredita que a magia não acaba quando a mágica termina e a pomba voa em direção ao infinito.

...
E adormece sobre o papel da história que inventou lançando-a para seu sonho, dando vida às suas ilusões, afinal ela só dorme pra continuar sonhando.

quarta-feira, dezembro 01, 2010


E agora Ana?

'Uma vez, quando eu tinha quatro anos, achei um caco de vidro no monturo. Lavei, enxuguei, guardei bem guardado e fui comer com vontade, ficar obediente, emprestar minhas coisas, por causa do caco, porque tinha ele, porque eu podia quando quisesse pôr ele contra o sol e aproveitar seu reflexo'
Adélia Prado



Segura na ponta de uma estrela e vai. Voa. Desenha um sol, algumas nuvens, diversas estrelas brilhantes e uma flor bem bonita desabrochando ali no meio do asfalto.

Voa e acredita que com a aquarela a gente pode construir tudo. Tudo. Desde um planeta dourado até um castelo com linhas bordadas de cristal. Empresta a asa da borboleta e alcança a pontinha do arco-íris. Aproveite, descobre e revele o pote da felicidade que fica ali. Ali, bem do outro lado, logo atrás da montanha, um pote de pó mágico, repleto de moedas reluzentes.

Lambuze a boca de sorvete e os dedos de algodão doce. Pule amarelinha, se divirta no uni duni, pega ladrão e esconde-esconde. Corre ao vento, grite bem alto, chute a poça d’água e brinque embaixo do chuvisco da chuva. Acredite que para o sorriso largo é necessário apenas olhos grandes para as coisas pequenas.

Vê se entende Ana, de uma vez por todas, que em um dia qualquer, por um motivo qualquer, independente do que for, as lágrimas sempre chegarão e molharão seus olhos de jabuticaba madura, mas não se preocupe, voe que isso passa. Deixe pra trás tudo o que não tem cor e você verá o encanto das coisas simples.

Não ache isso estranho. Pode ser que essas lágrimas doces ou salgadas sejam apenas o céu tirando a maquiagem, a doçura das nuvens de algodão feitas de açúcar ou o mar que você tem dentro do peito e que escorrem vez ou outra, pelos seus olhos.

Não se preocupe e nem ouse desistir, você vai ver que um dia os brinquedos que hoje movidos à sentimentos fracos, sem pilhas e sem emoções um dia pararam e só o que tem força continuará sempre em frente.

Calma, as estrelas que não se acenderam, só estão esperando o momento oportuno para brilharem e o mundo, enfim, não descolorirá, acredite.
Agora Ana, feche os olhos, conte carneirinhos, ‘para o infinito e além’, sonhe com o giro do compasso e com aquela astronave muito mais colorida que tentamos pilotar. Sonhe com o céu, pois sua vontade vai muito além do chão.


sábado, novembro 20, 2010


Pra não começar com era uma vez

"Que planeta engraçado! É todo seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz... "
O pequeno príncipe - Saint Exupéry

Faz de conta que a gente é de brinquedo e sendo de brinquedo a gente cai, quebra, não se machuca e não sai sangue. Aí você faz de conta que mesmo sem fazer de conta todos aqueles sonhos que um dia você sonhou repletos de jujubas, balas de goma, doce de leite, pirulito que bate-bate, algodão doce e marshmallow estão sim ao alcance de suas mãos.

Faz de conta que o pozinho do pirilimpimpim e o gênio da lâmpada existem, e que tudo o que um dia você chegou a fazer de conta, vai acontecer. Faz de conta que existe um pincel mágico, capaz de pintar todas as cores, é necessário apenas um toque, de leve – e olhos fortemente fechados - nas folhas em branco para que tudo o que você deseja acontecer.

Continue fazendo de conta, e naquela plantação de ‘até logo’, ‘adeus’ e ‘nunca mais’ só brotarão palavras capazes de desfazer os nós de marinheiro que nossas vidas são capazes de dar.

Faz de conta que a gente pode colocar todas as nossas tristezas em um baú, e fechando-o elas só escapariam quando permitíssemos, do contrário elas bateriam apenas ali dentro.

Faz de conta que temos asas iguais às da borboleta e elas nos levam para onde quer que queiramos, não tem muro, montanha ou cerca que nos impeça, trilhando caminhos de ipês iluminados por um sol que ri estrelas cintilantes. E que aquela árvore dos frutos dourados, lá onde dizem que habita a Dona Esperança, independente da estação, transborda frutos de magia a cada minuto.

Faz de conta que as estrelas estão ao alcance de nossas mãos e podemos tocá-la para que o mundo se encha de luz.

Faz de conta que o coração da menina não está apertado e imensamente infeliz.
Faz de conta que isso tudo não é um faz de conta e vamos abrir os olhos para magia fazer de conta que é realidade .

quinta-feira, novembro 11, 2010


Onde pousam nossos sonhos?


"Vou rir bastante, manter um ar distante e esquecer quanto tempo faz."
Martha Medeiros

Esses dias têm anoitecido rápido. Antes das doze o dia já exala o aroma do crepúsculo. Os olhos quase nem conseguem repousar. Acreditei que já não era possível ver o céu da minha janela e que o sol havia desistido mesmo de acordar. Amputaram-me a asa esquerda, o que tem me impossibilitado, à vezes, de voar. Tentei durante alguns dias arrematar as dores e forrar a cama com lençóis de lembranças doces para que pudesse sonhar com os momentos bons e descobrir-me da colcha da tristeza. Desfazer as amarras, afrouxar o cadarço, desfazer o laço. Fechei os olhos. Era necessário recriar um mundo encantado a cada dia. Sapo que vira príncipe, coelho que sai da cartola, flor que vira pássaro, nós que se desfazem. É que o vento desfez meu castelo de areia, o carrossel me fez perder a direção e o cometa quase me levou com ele. Não tem sido fácil. Eu que já fui um pássaro, hoje sou somente pluma que cai.

Já não comento do arco-íris e das cores que ele tem. Já não mais aprisiono estrelas por entre os dedos só para vê-las brilhar. Já não mais roubo margaridas rosas no jardim da vizinha...
Mas nada de ficar chorando pelas folhas secas e amarelas que comumente ficam pelo caminho.Nada de revirar as gavetas em busca de rascunhos que ficaram para trás. Veja as folhas em branco como um futuro que precisa ser escrito.

Dei de ombros e pensei: que fique. Minha vida ainda está em gestação e eu sou destra desde que nasci.

sábado, novembro 06, 2010


Lá onde não vivem monstros


"Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto"
Guimarães Rosa


E então ela sonhou em ser capturada por uma astronave de cristal. Alguém que a pudesse tirar do mundo da lua e que a colocasse no chão feito pluma que cai de uma nuvem ao som do vento que balouça o móbile. Não, ela não queria mais passar os dias costurando nuvens que formam desenhos geométricos, unir retalhos de sonhos e arrematá-los ao final do dia. Ela estava exausta de remar um barquinho que não tinha um dia sequer que não encontrava uma palavra rocha, frases petrificadas, letras feito banco de areia no meio do trajeto. Coitada. Mesmo assim, bem lá no fundo do seu músculo fazedor de tumtumtum o mais interessante era ver o movimento das águas que ficavam pra trás com a força do remo. Era essa sua vontade e coragem em tecer com linhas de alegria, tecidos de felicidade, dia a dia despindo seus medos e vestindo a capa dos sonhos feito de nuvens desenhos costurados – sua fuga - carregando uma boneca de pano nas mãos, se escondendo no mundo retalhado de aquarela encantado.

Assim, ao som de uma máquina de costura a cada toque no pedal, ela ia tecendo, tecendo... como criança que cai da bicicleta e continua a pedalar. Dói, arde, ela chora, mas segue pedalando. Construindo retalhos, bordando céu azul, sol brilhante, horizonte bonito e pontinhos cintilantes espaçados.

Ela segue a tecer... Acreditando, ainda, na fada do dente, no pote de ouro no final do arco-íris, na família do comercial de margarina e na felicidade que dança como borboleta pelo ar. Costurando sonhos de futuro com linhas douradas.

Por mais que um dia ela cogitou, por favor, eu peço, não entrecortarem suas asas. Ela pode perder a cor, o perfume, a força... a vontade de tecer e bordar uma colcha de seda reluzente. Embora pareça que seu coração esteja no chão. Chão tal qual fim de festa, logo ali ao lado da serpentina rasgada do baile de Carnaval, e mesmo de longe seja possível ver fragmentos picados, papéis rasgados soltos pelo ar e ela queira fugir do mundo que a acolheu, por favor astronauta, não a leve do seu mundo satélite da Terra.

Por mais que pareça que seu pobre coraçãozinho de papel ainda esteja sendo cortado ela seguia pedalando. Com pingo a pingo de palavras escritas que formavam rio de tinta. E justamente por isso dentro dela continha, bem no meio do peito, um oceano de tinta translúcida. Mesmo assim continuava a tecer, tecia ali um mundo que ela desejava fugir. Tecia a lua, os jardins, os bosques, reunindo retalhos... derramando um rio pelos olhos de semente de romã.

Outro dia a fizeram acreditar que a lua havia mesmo despencado do seu céu, seu mundo perdido o brilho e o dia se refugiado à sombra da noite e desde então tudo era um pouco mais triste. Sua saída foi tecer novamente, costurar os retalhos com linhas de esquecimento uma colcha de lembranças - ruins, mas lembranças - com nuvens de tempestade para passar os maus dias bem depressa, em um pano escuro, observando tudo feito noite, noite de lua cheia e estrelada. E desde então ela tece a saída do mundo que escolheu viver.




sexta-feira, outubro 29, 2010


Quando eu inventei o medo


Me aventurei no mais alto da roda gigante sem fechar os olhos. Corri para ser a primeira da fila na montanha russa. Quando as luzes se apagavam e já era hora de dormir, inventava minha máquina de voar e atravessava as nuvens de algodão doce, num mundo de páginas de sonhar. Subia nas árvores para fugir do pirata e com a mesma intensidade voava bem alto de braços bem abertos tocando as estrelas sem sair do chão. O abajur era o fim do túnel, ou o farol do carro, ou a lua. As estrelas? Ficavam bem ali no teto do meu quarto.

Nunca tive medo de altura, do escuro, do tropeço, da queda, de escalar muros, do perigo, do vento no rosto, das músicas de ninar, do ‘prestatenção’ menina, nem da coxinha da esquina. Gostava das viagens brilhantes e divertidas pelos ares, do mundo colorido, da varinha de condão, e do faz de conta que, às vezes, acontecia. Sempre gostei de abraçar apertado, de falar bem alto e de saber se era com j ou com g. Achava que gente grande era inteligente e que o monstro jamais sairia do armário. Sabia que do chão não passava e que quando casar sarava, bastava um beijinho que passava.

Difícil foi aprender com o tempo a ‘desmagia’ da vida preto no branco, que nem tudo pode ter sabor de diplink e que um dia o mundo colorido podia ser também monocolor, que se eu cortasse doeria, que nem toda história teria um final feliz, que a fada madrinha não viria nos visitar com sua varinha do ‘a gente resolve isso também’ e que nem tudo que reluzia era mágico. Com o tempo fui descobrindo que só se pula de olhos fechados nos braços do papai, porque você terá a certeza que ele irá estar te segurando de braços abertos e que jamais você tocará o chão.

Quando você descobre que não basta apenas um toque de pirilimpimpim você passa a se questionar sobre as coisas. Há sempre um momento na vida que a gente passa a ter medo de subir em árvores, escalar muros, fechar os olhos na sacada do último andar, ter medo da Cuca que vem pegar e até da salmonela do restaurante do chinês. Tudo isso sabe por quê? Simplesmente porque, será que se a gente pular de lá de cima, de olhos fechados e de braços bem abertos, lá onde o vento costuma bater bem forte no rosto e desfazer o penteado, alguém nos segurará em um abraço apertado e não permitirá que toquemos o chão caso não alcemos voo e o paraquedas não abra?


segunda-feira, outubro 11, 2010


Costurada por sonhos


“A vida ali é um deleite
Suave tal qual puro azeite
Na bela Cocanha
O povo se banha
Em rios de mel e de leite.”

Tatiana Belinky

Meu pai sempre me disse que para alcançar tudo o que queria bastava fechar os olhos, cruzar os dedos, respirar fundo, imaginar com muita força e um pozinho mágico cairia sobre mim. Ao toque de um carrilhão seria possível alçar altos voos, atravessar oceanos, desbravar a floresta encantada, navegar em alto mar, explorar a via lactea, combater o pirata e espantar o bicho papão.

Foi assim que construí castelos de areia, aeronaves de papel, montei cabana de lençois, barcos com remos de colher e na maioria das vezes corria da cuca que vinha pegar e logo dormia - raramente me arriscava a não fechar os olhos só pra ver se ela vinha mesmo.

Já fui bailarina da caixinha de música, boneca de pano, princesa dos sapatos de cristal, atriz, cantora, astronauta, a moça do tempo, biologa, historiadora, 'desenhadora', alpinista, patinadora, magica e encantadora. Vesti a capa do super-herói, me transformei em fada-madrinha e gata borralheira. Fui o que jamais poderia acreditar ser. Acreditando que as estrelas eram pontinhos de purpurina no céu, que minha casinha florida ficava no alto da colina, que um dia o príncipe azul salvaria todos nós e que a bruxa malvada morava em uma casinha de doces.

Desde meus primeiros aviõezinhos coleciono pequenos sonhos, algumas folhas de papel rabiscadas que me levam pra longe. Chego a tocar o infinito colorido que vibra feito um dedilhar de piano.

Vovó certa vez me disse que a vida é como as histórias que a gente escuta, conta ou lê, e que a gente é o que imaginamos ser, assim como a torta de espinafre que nos devora com os olhos, o boneco de açucar que cobre seus bolos, que mergulha na piscina de geleia e tem vida própria; assim como a menina que colocou sal ao invés de açucar no sorvete, lembra?

Costumava ler e reler histórias que sabia de cór. E mesmo sabendo de cór sentia todas às vezes a mesma emoção de quando abria pela primeira vez o livro, o cheiro do papel, as páginas grudadas .... o voo na imensidão.

Nem sempre a gente aprende com nosso pai a dar mortal na piscina, escorregar no tobogam ou ir sozinha ao carrinho de bate-bate, mas a coragem e o poder que ele me ensinou mora aqui dentro de mim, o poder de ser retalhada de sonhos, invenções e imaginação que às vezes vivem, morrem e transbordam aqui por dentro.

domingo, setembro 26, 2010


No mundo mágico, frio, vazio e anônimo da internet

Primeiro você me responde se mantêm suas relações virtuais com a mesma intensidade que mantêm suas relações reais. Se você considera mais fácil manter centenas de “best friends” nas ondas ocultas, imaginárias e anônimas da internet do que no tête a tête da vida real. Quantos dos seus contatos de sites de relacionamentos ou de mensagens instantâneas você REALMENTE conhece de verdade? Depois disso você me responde se suas relações virtuais ficam apenas na identidade oculta do espaço digital ou elas se perpetuam para um contato físico, diria que mais real.

Se com a maioria das suas respostas você concluiu que seu espaço e suas amizades é mesmo no mundo real, parabéns. Não, isso não é mais um daqueles testes que você deve estar cansado (a) de ler naquelas revistinhas que trazem o ídolo pop teen do momento na capa. A ideia é defender de que deveríamos aproveitar mais o mundo real em detrimento daquele mundo repleto de gírias, vazio e completamente valentão (leia-se covarde) do cyber-meios.

Não sou dona da verdade, mas tenho a minha, acho um absurdo as pessoas acharem que fulano é seu “amigo” só porque você o adicionou nessas redes sociais que vocês sabem o nome, ou porque sicrano o segue e respondeu um “tweet” seu. Uma coisa é você ser (quiçá) amigo do seu vizinho, outra é você atender ao telefone e identificar que do outro lado quem fala é seu “amigo”, o gerente do banco. Enfim, tirando as comparações baratas que esta que vos escreve adora fazer, gostaria de salientar principalmente aquela história de que o famoso fulano de tal nutre sobre a legião que o segue enviando recadinhos naquele programinha até que legal, famoso, que você só pode escrever 140 caracteres, ou no seu blog, ou seja lá onde for, nesse meio nada real que adora aproximar as pessoas, fazendo com que os chamados fãs sintam-se retribuídos pelo carinho e por tudo o que fazem.

Os famosos “scraps”(desculpe, eu sei que este termo está em desuso) não os tornam amigos, colegas, conhecidos próximos ou íntimos. Você já ouviu aquela historia de que atores, apresentadores, repórteres e qualquer desses seres que aparecem na televisão, ou diga-se se passagem, invadem nossa casa, sem pedir licença e por isso as pessoas sentem-se no direito (e na liberdade) de achar que são nossos “amigos”. Pois é, a história é a mesma, a ideia não é construir relações e interações reais, a ideia é que você continue lotando os shows DELES (os artistas), continue comprando seus CDs, assistindo seus discursinhos tolos e eles continuam te mandando recadinhos fofinhos no intuito que a relação de vocês fique tão forte (como você acredita) e que você passe a gostar ainda mais do famoso fulano de tal. Isso só mesmo no comodismo dos Blogs, Twitters, Facebooks, Orkuts da vida, porque no olho no olho mesmo...

Acho um absurdo pessoas que se escondem nos obscuros becos da internet, que criam personagens, que falam o que quer, e possivelmente lerão o que não querem. A internet é assim, terreno pra verborragia*, pra relações frias, para a falta de bom senso.

Amigos VERDADEIROS e REAIS são aqueles que não te deixam sem resposta, pode ser uma resposta boa ou não; Amigos reais e verdadeiros são aqueles que você pode contar em dia de sol ou de chuva na piscina do seu prédio; Amigos reais e verdadeiros não vão elogiar a todo instante teus gostos, hábitos e manias, mas estarão sempre ao teu lado pra te criticar; Amigos verdadeiros e reais estarão ao seu lado até mesmo pra você andar de carro importado ou aquele que já nem se fabrica mais, mas vocês terão historias boas pra contar.

PS: Sem generalizar, óbvio.

PS1: Família de verdade a gente não identifica pelos gostos musicais. Família não se vai como essas modinhas coloridas musicais.

*Verborragia: Superabundância de palavras com poucas ideias.

PS2: Pessoas, mil perdões, eu sei que eu falo demais, escrevo demais, o problema é que não consigo fazer textos pequenos com ideias menores ainda. ÀS VEZES, ou na maioria delas, eu sei que cansa ler um texto grande, mas adoraria que você ÀS VEZES, se não for pedir demais, lessem minhas opiniões por inteiro, afim de que eu não seja mal interpretada. Se não concordar também, sem problemas, opinião cada um tem a sua, não é? A idéia deste blog é aguçar discussões interiores. Obrigada.

terça-feira, setembro 07, 2010


Roda Vida. Roda Gigante. Roda Moinho. Roda Peão

Já decidi. Quando eu for gente grande quero continuar sendo criança, sem medo de ter medo de escuro. Achando muita graça no frio que dá na barriga todas as vezes que estou na roda gigante. Crescendo devagarzinho, de pouquinho em pouquinho diante dos infinitos gigantescos mínimos tropeços. Continuando não entendendo como funciona o fax, a matemática, o indesign, a grosseria e a maldade das pessoas. Pintando o sete com as cores do arco-íris na ponta dos dedos. Colorindo os dias nublados com o giz de cera e os bolinhos da vovó. Brincando de descobrir desenhos nas nuvens e ir correndo me esconder por entre o algodão doce.

O “não faz sentido” me é instigante e só aposto no que faz brilhar os olhos. O difícil me aborrece, a obrigação me irrita e o que preciso fazer à contragosto me faz chutar o balde. Choro sem motivo, da mesma forma, dou risadas. Quer me fazer sorrir? Então me envie um cartão colorido, um cubo mágico, balas e doces, e me faça surpresas.
Gosto de inventar mundos, criar personagens secretos e imaginários, fazer de conta que acontece. Abraço apertado, falo bem alto, canto destoando da melodia, invento a letra da canção. Tenho todas as perguntas na ponta da língua, não costumo vestir armadura, e faço figa para saber a resposta.

Gosto de marcar o nariz na vidraça, assim como desenhar o sol quando respiro bem perto. Lambuzo-me com o sorvete de pistache, como chocolate três vezes por dia, passo o dedo no glace e não ligo para que os outros pensem.
Aos poucos anestesio a dor com doses mínimas de simplicidade, embrulho a tristeza e abro caixinhas de surpresas. Irrito com o “já chegou?”, “Está chegando?”, “Você gosta de mim?”, “É de verdade?”, "Tem cor de rosa?" e o “Por que o mundo gira e a gente não percebe?”, além dos outros porquês. Não vivo sem as aulas de português, “se é com j ou com g”, “qual o porquê que eu uso” e o “com que letra começa?”.

Ralo o joelho, trombo com a porta, fico de castigo, grito bem forte. Rolo pela grama, não sei quase nada e posso sempre tudo. Adoro a hora do recreio e odeio a hora de ir dormir, portanto, leia-me histórias e me faça cafuné. Tomo água da chuva quando estou debaixo dela. Misturo choro com risos, doce com chiclete. Não tenho relógio e tenho muita pressa, por isso corro bem rápido. Desvendo mistérios. Acredito no sonho e não me venha com o tal do impossível.

Quero olhar e não ver perigo. Quero rir e fazer sorrir. Quero o dia mais feliz do mundo, todos os dias da minha vida.
Confio, enfrento, desconfio e contesto. Acredito que o mundo é feito apenas de sorriso, fantasias e brincadeiras, mesmo que ele me prove o contrário.


quinta-feira, setembro 02, 2010


Uni, duni, tê, salamê, míngue


Quem foi o ser desumano que inventou que aos 18 anos somos suficientemente maduros para determinarmos o que faremos durante os próximos 43 anos? Se ao menos aos 17 tivéssemos em mente o que será feito no próximo final de semana, seria fácil comprar uma passagem para um destino até então desconhecido.

O pior é que não basta gostar desse destino. Além de gostar, a sua escolha deve ser a fonte de onde proverá todo seu sustento, a não ser que você ganhe na loteria, seja político ou tenha sucesso na literatura de auto ajuda.

Eu sei muito bem que nessa idade é tudo festa, confete e purpurina (não me entenda mal). Que você está com quase 18 anos e com quase DEZOITO você acha que é dono do próprio nariz, que é descolado, que tem vários amigos, que está entre os 10 mais do colégio, que sabe o que quer da vida, curte Lady Gaga ou essas bandinhas RGB 4x4, que só porque vai atingir a maioridade, acha que é adulto e responsável o suficiente. (Rs)

Perdoe meus risos. Ledo engano. Não que você não seja completamente, mas...
Não é folheando o guia do estudante que você vai se deparar com o que é melhor pra você. Você pode até encontrar a lista dos cursos mais badalados, dos salários mais altos, do perfil de cada profissão. Mas não se baseie no perfil, não escolha nenhum porque você acha que se enquadra em um deles, e nem tente se encaixar.
Aos 17/18 anos você apenas acha. Aos 17/18 anos você não tem noção do tamanho da realidade.

Nem eu tinha.
Hoje sou totalmente contra quem segue a risca os padrões que a sociedade impõe: que casa porque está tarde pra continuar sendo solteiro, que tem filho porque está chegando a hora... então porque determinar o que você será pela vida inteira, quando você mal sabe que doce escolher.

Entrei na faculdade aos 18. Me formei aos 21. Tinha orgulho de ser produtora – roteirista – apresentadora - diretora de arte. Saí da faculdade com um diploma na mão, muitos sonhos na cabeça e nenhuma experiência e dinheiro na carteira.
Só eu sei quanto sofri para encontrar um emprego: cidade pequena, curso desconhecido e vários leigos no mercado.

A realidade da profissão não é o que escrevem na revista, desenham em fotos e discursam na faculdade. Se você acha que publicitário passa o dia inteiro tendo idéias mirabolantes, campanhas milionárias, tomando cappuccino o dia inteiro, enchendo o bolso de dinheiro e ganhando leõezinhos todo ano, acho melhor marcar xizinho em outra opção.

Não quero te desapontar, mas escolha o que te dê orgulho no final do dia e não se importe se você tem 17, 18, 19 ou 30, afinal, nada é definitivo, nem a vida.




quinta-feira, agosto 26, 2010


BemDito


Eu definitivamente odeio a invenção do Graham Bell. Não adianta, quer falar comigo, então venha pessoalmente, mande uma carta, fax, e-mail, sms, tweet, pode até ser sinal de fumaça, mas não me venha com essa de que eu preciso te ligar.
Poxa vida, quer me deixar irritada é só mandar eu digitar aqueles "bem ditos" 8 números e ficar aguardando uma voz que, talvez eu não saiba de quem é, atender. Quando é na sua casa tudo bem, você pede pra mãe, pra irmã e até pro cachorro atender, mas no trabalho... ah, no trabalho não dá.

Eu fico tensa, minha mão gela e meu coração bate mais forte.É um absurdo tanta tortura.
Eu odeio ter que ligar. Pior ainda é ligar e a pessoa não estar no momento. Ah, aí é o fim. Tenha Santa Paciência! Quer me matar aos poucos? Então peça para que eu ligue daqui uns minutinhos.Ter de esperar uns MINUTINHOS e ligar novamente dói mais que picadas de marimbondos fêmeas.
Acredito que no fundo ninguém GOSTA quando aquele insuportável toca, aquele barulhinho irritante, que me gela a alma, sempre incomoda, não adianta contrariar. Quem não tem de parar o que está fazendo para tirá-lo do gancho? Ou vai me dizer que você dedica boas horas do seu dia exclusivamente a ele.

Pode dizer que eu sou retrógrada, antiquada ou obsoleta, mas sou quase uma anciã no alto dos meus vinte e poucos anos e viveria muito bem sem "essa modernidadezinha" que juram que são mais que necessárias.
Não levanto bandeiras, não pertenço a movimentos e nem sou contra o contato das pessoas via transformação de sinais sonoros em sinais elétricos, mas meu negócio é escrever. Escrevo dicionários, teses, dissertações, manuais, bulas, recados e mensagens apaixonadas, mas odeio falar ao telefone.
Por favor, não me recomende chás terapêuticos, florais de Bach, cromoterapia e terapia holística intensiva, acho que só uma camisa de força resolveria meu caso.
Não me obrigue a mostrar meu lado mais odiante. E tenho dito.

Obrigado Deus que inventou as pessoas que inventaram o skype, o msn e o outlook.
E agora mais um trim vem perturbar meu raciocínio e a minha calma.


Só espero que não chovam ligações...

terça-feira, agosto 24, 2010


Folhinha de abacate, ninguém me rebate!

Olá , muito prazer.
Depois de voar um pouquinho aqui e acolá, me perder pelas curvas do caminho, finalmente eu encontrei um cantinho, pois é, é aqui que eu me escondo e me encontro.

Carrego uma paleta de cores e vou pintando o mundo de acordo com meu humor. Tem dias que retribuo os braços abertos, tem dias que dou de ombros, asim como tem dia que sou cara fechada, e dias que meu riso é pendido no canto dos lábios.


Às vezes sou composta por borboletas treslocadas, às vezes eu abraço o sol e o mundo todo, tem dias que eu fecho a cara e a porta (na cara). Nunca me calo, mesmo que minha voz esteja apenas em minhas palavras, pois são nelas que moram meu melhor doce e meu pior veneno.


Deixo meu recado através das letras, das linhas, ladainhas e das entrelinhas. Coloco um ponto final, mas nunca sem antes ter preenchido o vazio da página em branco.

Escrever é um abismo. É meu abismo. As palavras me inventam e reinvertam, nelas eu fujo, busco e me encontro. Estou ali no ponto, na vírgula deslocada, no começo do parágrafo, no verso imperfeito, na segunda frase do poema de amor.

Leia, me invente e me descubra!




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