terça-feira, dezembro 07, 2010


Onde o mundo faz de conta


'Fantasias como vês, não faltam'
Caio F.


Em tempos como esses, a menina descalça dos olhos semente de romã, sorriso estampado, saia rodada e barra rasgada, remendada das mais coloridas linhas de esperança, precisa inventar outros caminhos, outras invenções, outras vidas para fugir um pouco dessa.

Caneta bic em mãos, uma história fantástica na cabeça, tintas e papéis são suficientes para viajar para caminhos dourados, brilhantes e iluminados que levem-na para o mundo das lantejoulas que choram alegrias pinga-pinga dentro dos olhos de quem vê.

Você pode até dizer que ela vive no mundo da lua, ela pouco vai se importar, vai sorrir mansinho e dar de ombros com carinho, e continuará desgrudando seus pés pequeninos, diariamente, do chão de imã, pontiagudo e seco, passando os dias inventando faz de conta que ela cruza os dedos com força pra que aconteça de verdade.

Lá onde ela se esconde o azul é mais azul e o céu é de brigadeiro. As cores da noite são mais intensas, pinceladas com a aquarela cintilante que torna o sonho real e as estrelas têm um brilho incomum. Ela arranha um sol no violão e deita na grama pra observar as borboletas que também povoam seu estômago num movimento de girar intenso que ela precisa pra viver.

Os pés descalços, sempre, é pra sentir melhor o chão, tatear espinhos perdidos, o caminho florido, a liberdade. Liberdade em escolher a areia, a lama, a casca de banana e o caco de vidro. Caminhos diversos que ela vai alterando de acordo com seu astral de menina que acredita que a magia não acaba quando a mágica termina e a pomba voa em direção ao infinito.

...
E adormece sobre o papel da história que inventou lançando-a para seu sonho, dando vida às suas ilusões, afinal ela só dorme pra continuar sonhando.

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