segunda-feira, dezembro 05, 2011


Depoimento de uma máquina de escrever


Histórias, geralmente, têm duas versões...

Primeiro você é essencial, dizem que é importante e admitem que quebra um galhão em tudo.

Vai pra todo lugar, cobre a função do que ainda está por vir, escreve ideias geniais, sempre com aquela simpatia de máquina de escrever e trabalha mesmo com as ‘sutilezas’ alheias.

Está ali, disponível, 24 horas por dia, de segunda a segunda e veste a camisa mesmo, aquela capinha linda (?), mesmo na batucada ritmada do dedo com as teclas.

Prometem o mundo... Falam o que bem entendem...

Mas aí chega o computador, pra estremecer, botando panca de bacana, empinando o nariz e fazendo moral com os influenciáveis, munido do Google – afinal quem tem Google precisa de mais alguma coisa? - Quem vai desafiar?

Aí a tinta borra, suja os dedos, o barulho passa a atrapalhar.

Abandonam a máquina de escrever, esquecem do quanto ela foi importante e brindam a superficialidade da nova era.

Mas há quem diga não trocar a velha, boa e companheira máquina de escrever por nada. Talese mesmo não abre mão da sua, e se o Talese ainda prefere a máquina de escrever...

A máquina já não escreve. Já não funciona. Já não sorri. Ocupa bem sua atual função, objeto de decoração esquecido no canto da sala.

PS: Não basta apenas não fazer sentido

quarta-feira, novembro 23, 2011


Une petit chanson

Diria que ela vai tecendo um bordado de amor com as linhas mais nobres que a vida lhe oferece. Vai esvaziando os bolsos a cada esquina durante o caminhar, porque o que mais lhe interessa nessa vida cabe dentro do coração, de um abraço apertado ou num soriso sincero.

E dentro do seu músculo escarlate batedor cabe um punhado de alegria que é pra combater a maldade e as pessoas de mau coração.

Fecha os olhos e respira fundo. Conta até três. Rouba umas estrelas do céu.

Assopra o dente de leão, os sonhos, o pozinho de pirilimpimpim e todo bom humor, que é pra ver se alguma chega até o desanimado do canto.

Salta as pedras do caminho e constrói pontes onde há abismos, dança um ritmo novo, a cada dificuldade um riso e um brilho mais forte no olhar. Assim tem mais graça. Dá mais coro. Dá o tom.

Desamarra as botas. E o peso das costas.

Mas ela se protege da fábula do lobo e do cordeiro e dos lobos em pele de cordeiro. Inevitável. Nem todo mundo vive une petit chanson.

Faz o sinal da cruz, acende uma vela ao anjo da guarda, reza um pai-nosso e uma ave-maria. Não grita ao sete ventos sua felicidade, ao contrario, fala baixinho, soa mansinho, dá um sorissinho que é pra o mau olhado não olhar.


terça-feira, novembro 15, 2011


Pra quem sonhou com possibilidades

Levantou da cama. Assim como quem está disposto a mudar tudo e só fazer o que realmente lhe dá prazer. Seguiu em direção a cozinha. Tomou seu café da manhã como há muito não fazia, escolheu só que realmente queria saborear. Abriu o jornal, mas só leu o que lhe interessava, dessa vez.

Pegou o telefone e discou aquele número que sabia de cor. Justo a telefonista-recepcionista- cuido de tudo, sempre mau humorada, atendeu.

- Avisa aí que eu não vou trabalhar hoje – sem mais – Obrigada.

- O chefe quer falar com você. – respondeu sem mais também. Transferiu

Quando é assim, normalmente o coração saltava a boca. ‘Imagine já chegou e já avisou que quer falar comigo’. Dessa vez era diferente, não fazia questão.

Musiquinha chata. Pronto, atendeu.

- Não precisa vir trabalhar. Pagaremos pra você colaborar conosco com seus textos, textos impares. Maravilhosos por sinal. Já estamos sabendo que uma grande editora gostou mesmo de seu material. Vão publicar seu livro. Ah, tem uma revista de grande circulação quer seus textos quinzenalmente. Ótimo não?

Pois é, mas parece que o chefe não era o chefe. Algo estranho.

- (confuso) – desligou

Atônito, foi o que saiu. Voltou pra máquina de escrever - os dedos e as teclas provocavam uma sensação inexplicável. Realizadora - e seu mais recente romance.

‘Ela volta ou não? Volta. Clarice volta e agora queria ser chuva...’

Um som que não sabia de onde vinha começou a invadir, atrapalhar e ficar cada vez mais forte.

Era o despertador. Tudo não passou de um sonho.

E a chuva caia lá fora. Enfim...


sábado, novembro 12, 2011


É pra ver se muda

Acenda um incenso de alecrim e aumente o volume da canção


Embora eu viva tropeçando em cara feia...

Plantei no jardim um pé de sorrisos, que era pra colher todos os dias um sorriso qualquer. Independente dos espinhos cultivei com todo amor, carinho e compreensão possível. Quando amanhecia nublado e algumas gotas ameaçavam cair, corria pra abrir o guarda-chuva que era para que os pingos não desfizessem aqueles sorrisinhos que estavam por surgir.

Aprendi com meus pais, é necessário deixar tomar o ar da manhã e depois proteger no período do sol intenso. Das 10 às 16 sempre arrumei uma maneira para que os raios fortes não o queimasse, uma espécie de protetor solar fator máximo.

Na esperança de que todos os dias ganhasse um botão-sorriso de presente esqueci uma porção de coisas – deixei esquecer - e passei por cima de palavras que me ofenderam e atitudes que me magoaram. Passou.

Mas infelizmente – ou felizmente – a rotina da vida atribulada me fez esquecer isolado no jardim o pezinho de sorrisos.

Passei a dar importância pra minha felicidade e para o que me fizesse sorrir independente de colhê-los ou não. Quantos espinhos, cara feia, falta de educação, gente de mal com a vida, desprovida de amor.

Hoje meu sorriso é mais importante e se o pé me der um sorriso ou outro o meu ficará ainda maior.

Mas na verdade mesmo, vou é torcer pra que nasça pés de gentileza feito capim.

quarta-feira, novembro 02, 2011


Divã

Às vezes eu sou àspera, mas é pra falar igual a você

Olha, eu realmente não estou agüentando mais este tipo de gente.

Achar dia ou outro que as coisas estão acontecendo por sua causa, a gente até entende e acha que pode até ser engano seu, mas todo dia, meu Deus, ninguém agüenta. Eu não agüento, e pra mim, já chega.

Essa gente que se acha o umbigo do mundo, o centro do universo, que a terra gira em torno delas. Caramba (pra ser educada)! É muito chato. Insuportável. Um desrespeito com o próximo. Desumano com quem está ao seu redor.

Pessoas assim a gente tem vontade de jogar pela janela naqueles momentos mais tranquilos.

Sabe, eu realmente não acho que a melhor tática pra se sentir bem é diminuir o primeiro cidadão ao seu lado. Se você se acha ‘grande’, tudo bem, problema seu, mas não transfere suas 'dificuldades' - porque só pode ser isso - para os outros. Esse lance de gigante a gente conhece bem nas histórias, ‘João e o Pé de Feijão’, Golias, os ogros de Grimm, entende?

Eu sei que você não concorda com isso de energia, mas tem gente que é tipo sanguessuga, credo.

Ah, e tem outra, típico dessa gente, essa coisa de usar nome e sobrenome pra impactar no telefone, ou locais badalados, não é minha praia. Eu detesto isso. Uma que eu tenho uma tendência quase hereditária para esquecer nomes de pessoas e outra, conta bancaria, carinhas bonitas (e cabeças vazias) ou sujeitos (julgados como) conhecidos, não têm de mim (e nem ganham) nenhuma preferência.

Comigo não tem essa de presidência, diretoria ou serviçais, pra mim todos são pessoas e pessoas merecem respeito, viu?!

Cara (pra falarmos a mesma língua), a vida não é um negócio e dinheiro, beleza e o raio que o parta, que você julga importante, não traz felicidade pra ninguém.

Porque felicidade pra mim é estar perto de quem eu amo, fazer o que eu gosto e o que quero, estar onde me sinto bem, pode ser de chinelo de dedo ou de salto bem alto e roupa bem chique, ou não, e não vai ser ninguém que me se julga ‘gente grande’ que vai me fazer mudar minhas opiniões.

Ah, e quando olhar pra mim me veja como um ser, um ser humano, que você sempre magoa com suas palavras, geralmente, de fogo.

Sabe aquele tipo de pessoa que o clima pesa, então.

Então, é isso. Era isso que eu queria dizer hoje.

Ufa. Eu sempre te alugo.

Até a próxima.

sábado, outubro 08, 2011


Qual o valor da sua palavra?

Comigo não tem vez quem fala que vai e não aparece, quem promete e não cumpre, quem não honra o que discursa e jornalzinho de 75 centavos.

Tem horas que é preciso deixar de lado os 10 mandamentos, o compasso, a régua e mandar tudo pro espaço. Cansei dessa história que algumas relações são estritamente políticas. Caramba, comigo não são, eu não pago mais pra quem me dá mais – sem malicias e segundas intenções, por favor – comigo não é assim, as pessoas são todas iguais independente de conta bancária, cargo, figurino ou quiça carro que dirigem - epa, cala-te boca. Porra, cansada de gente que acha que você precisa ter um nome sobrenome, trabalhar em local xis e ter banca de ser o critico da vez pra ser respeitado.

Eu não preciso entrar direto, , não basta só falar meu nome, enfrento filas, às vezes quilometrais - mas chego - NÃO preciso parar na porta ou que joguem confete em mim. O que eu faço ninguém vê. Eu fico no backstage e nunca gostei de sair em social de jornal.

Vamos parar de palhaçada, assumir quem somos de fato e parar de discurso besta que não leva a lugar nenhum. Pra mim quem fala que faz e acontece, com dinheiro alheio, não merece um pingo de respeito. Não adianta discursar que pra ser feliz precisa das coisas mais simples da vida, mas não consegue ficar um dia sequer sem o último iphone lançado. Que hipocrisia é essa então?

Prometer mundos e fundos é fácil, quero ver cumprir depois.

Eu não aceito politicagem e não sei viver nesse meio.

Quem discursa que quer ser grande, mas não sabe fazer o básico, precisa mesmo freqüentar esses cursos que recebo diariamente no meu e-mail.

Não me compram fácil, não puxo saco por conveniência; eu falo o que eu penso e pago caro por isso, mas foi o que escolhi. Ah, mas eu sempre cumpro o que prometo.

Falar é muito fácil, a gente gasta somente calorias, poucas, mas gasta. E tenho dito.

Ps: O título também podia ser 'Daquilo que muita gente também queria dizer, mas não tinha coragem.'

sábado, outubro 01, 2011


Smells Like Teen Spirit

Aí você me responde qual a porcentagem dos brasileiros que tem acesso a um grande festival, que pode pagar cerca de R$ 250, mais o transporte, alimentação e bebida.

A questão não é ver seu artista preferido, participar de um festival histórico e outras balelas que o alto escalão adora inventar, a questão vai além da democratização e acesso a cultura a todos.

Odeio hipocrisia, mas vem cá, quando a ‘cara’ não aparece é fácil gritar contra alguma coisa. Palavras jogadas ao vento são simplesmente palavras jogadas ao vento.

Conheço uma porção de gente que tem voz nas mídias sociais, adora falar mal de Deus e o mundo, mas mal consegue levar uma conversa além de um ‘será que vai chover hoje?’. Será que isso é alienação?

Parece que o mundo anda ‘instagramado’ para algumas pessoas, as mesmas que transportam a vida real para o facebook e a deixam lá.

É muito fácil fazer opções nessa vida, mesmo que a opção seja não optar por nada e viver assim atrás da multidão.

Está na hora de ‘tirar a bunda da cadeira’ e fazer alguma coisa. Gritar hininhos sem saber o que está dizendo simplesmente porque rimam não levam a nada.

Here we are now entertain us

sábado, setembro 24, 2011


As aparências enganam

Ando bem clichê ao escolher os títulos dos meus textos, mas não poderia ser diferente quando o assunto também insiste em ser.

Todo mundo sabe que eu não ligo pra esse negócio de carro do ano, marca de bolsa ou grife de roupa. Porque pra mim existem coisas bem mais importantes.

Não ligaria se meu namorado viesse me buscar de Kombi verde e branca, de vespa vermelha ou até mesmo de bicicleta. Estranho seria se ele viesse me falar sobre o último eliminado da fazenda, da Bruna Surfistinha ou do novo hit funk.

Fico aqui me questionando se uma pessoa que coloca na balança o tipo do carro que o pretendente tem, merece ser levada a sério. Eu sinceramente não levaria. Não é muito raso escolher alguém pela grife do relógio ou marca do carro? Não é o carro que faz o condutor. Fulaninha que acredita piamente no contrário devia ser tratada igual ao tempo útil nos holofotes do último lançamento da Volksvagen.

Conheço muitos idiotas que dirigem seus importados, com cigarros entre os dedos, cabeças completamente vazias, se achando os donos do mundo. Pra mim é muito mais charmoso e admirável os carinhas que não têm vergonha de dirigirem seu fusquinhas 64 e que têm muito conteúdo a compartilhar. Porque a máxima muito mais vale o que você é do que o que você tem' realmente importa.

Imagine só se você fosse reduzida apenas a sua maquiagem importada ou a sua bolsa vinda de Paris. Tem gente que escolheria você por isso, imagina.

Não estou aqui pra pregar que todos deveriam é dirigir Fiat 147, Variant, Opala e Chevette - que mal tem dirigi-los? - , caros donos de Mitsubishi, Ferrari, Audi, etc... estou falando de um tipo especifico de mulheres, aquelas que se deixam levar APENAS pelas aparências.

MULHERES, carros são meios de transportes e precisam estar em boas condições. Carros não são acessórios de pessoas e não devem fazer parte de catálogos.

Ps: Sei muito bem também que existem os que gritam aos ventos que não precisam de nada, carro, dinheiro, mas não vivem sem nada disso. Muito interessante tal figuras também, mas deixa isso pra uma outra história.



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