sábado, janeiro 05, 2013


Em tempos de guerra


Poderia ser ao som do Roberto, mas o parapapapapapa cairá melhor. 


Certa vez me apeguei em um verso de Adélia Prado que dizia: "A vida é tão bonita / basta um beijo /  e o universo se recompõem / uma necessidade cósmica nos protege". Pronto, como se fosse assim olhando o horizonte caminhando na areia da praia e recitando os versos. O Senhor não abandona, a necessidade é cósmica, protege.

Aí, você ali, sem nenhum plano de imediato, resolve ligar o rádio, não gosta do vitrolão que se transformou a FM, muda o dion, e a noticia é a mesma da tv, daquele programa de fim de tarde, assassinatos, assaltos, suicidios, mentiras, injustiças, chuvas, desmoronamentos, mortes, mortes, mortes e mais mortes. Assim como a tv, o alto-falante derrama sangue.

A vida foi reduzida a um grão de areia que o vento leva. E a vida que é tão bonita...

É bem isso que se transformou tudo isso. Ninguém mais oferece flores. Ninguém mais oferece um sorriso no rosto. Onde foi parar o respeito, a tolerância e a os sentimentos bons? Alguém viu passar por aí, nem que seja de relance, caminhando despreocupado ou correndo, de alguém, da gente, com medo de gente. Gente que não sabe levar na brincadeira, gente que não sabe relevar, gente que resolve tudo com um, dois, três facadas, gente que quer fazer furinho em gente pra resolver, gente que dá tiro. Tiro de revólver, pistola, metralhadora. Tiro de arma que a gente não conhecia e aprendeu no programa do Datena. Tiro certeiro que cala, silencia.

Porque é muito mais fácil roubar, roubar a vida, roubar o povo - aquele que te colocou no poder -, roubar o sorriso, roubar a voz. Aí, eu peço, tente fazer diferente que eu também vou tentar. Estou tentando.

Aí você retoma os versos da Adélia, pois é, a vida que é tão bonita.... que um dia foi bonita... continuará sendo?



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