domingo, janeiro 13, 2013


Diante de qualquer impossibilidade

Com uma sinfonia de passarinhos lá fora




Gosto especialmente de manhãs claras, quando as folhas das árvores bailam numa valsa ritmada pelo vento, brincando de esconde-e-aparece com os raios solares; e faz aquela pose para foto.

Na verdade, eu queria que meus olhos fossem pequenas câmeras fotográficas para registrarem toda e qualquer paisagem bonita, essas que a gente olha, dá uma enquadrada e pensa: "Daria uma ótima foto."E depois fica admirando, e admirando. Por que não?

Porque seria lindo guardar pra sempre o exato momento que a abelha poliniza a flor do maracujá; quando o dente-de-leão, despretensiosamente, todo lindo, no meio do mato baixo, balança no caminho do trabalho; quando a calçada fica repleta das flores do ipê; quando olho para o céu azul de brigadeiro lindo, lindo; o pôr-do-sol com aquela luz que tem o poder deixar tudo mais bonito; aquele sorriso de quem você não conhece e o sorriso verdadeiro de quem conhece; o passarinho de espécie rara que pousou perto de você; a chuva que cai; e a família reunida comendo panqueca, de domingo à noite, na mesa da sala de jantar.

Assim, num piscar de olhos. Click. e eu guardo pra sempre.

Sabe o que aconteceria? Seria mais fácil jogar fora, assim como fotos que são rasgadas, as noticias ruins do jornal que lemos, a propaganda mal feita, o programa mal pensado, o saldo negativo, uma discussão que machuca, o chefe que não compreende, as palavras grosseiras, a falta de amor, de carinho, de compreensão, de respeito, as atitudes de preconceito, arrogância, desonestidade, as conversas fiadas, vazias, gente vazia. Tudo aquilo que não nos enche os olhos. E pronto. Joga no lixo.

E como se fosse verdade. Click. a gente joga fora, mas guarda pra sempre.

Não adianta, a gente guarda o que nos magoa mais do que coisa bonita.

É melhor deixar do jeito que está.

...

Gosto quando acordo de sonhos bonitos, abro a janela, me deparo com manhãs claras, com as folhas das árvores dançando no ritmo do vento, quando tudo isso me inspira a uma outra possibilidade.

E click. tudo volta ao normal.

















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