Levantou da cama. Assim como quem está disposto a mudar tudo e só fazer o que realmente lhe dá prazer. Seguiu em direção a cozinha. Tomou seu café da manhã como há muito não fazia, escolheu só que realmente queria saborear. Abriu o jornal, mas só leu o que lhe interessava, dessa vez.
Pegou o telefone e discou aquele número que sabia de cor. Justo a telefonista-recepcionista- cuido de tudo, sempre mau humorada, atendeu.
- Avisa aí que eu não vou trabalhar hoje – sem mais – Obrigada.
- O chefe quer falar com você. – respondeu sem mais também. Transferiu
Quando é assim, normalmente o coração saltava a boca. ‘Imagine já chegou e já avisou que quer falar comigo’. Dessa vez era diferente, não fazia questão.
Musiquinha chata. Pronto, atendeu.
- Não precisa vir trabalhar. Pagaremos pra você colaborar conosco com seus textos, textos impares. Maravilhosos por sinal. Já estamos sabendo que uma grande editora gostou mesmo de seu material. Vão publicar seu livro. Ah, tem uma revista de grande circulação quer seus textos quinzenalmente. Ótimo não?
Pois é, mas parece que o chefe não era o chefe. Algo estranho.
- Tá (confuso) – desligou
Atônito, foi o que saiu. Voltou pra máquina de escrever - os dedos e as teclas provocavam uma sensação inexplicável. Realizadora - e seu mais recente romance.
‘Ela volta ou não? Volta. Clarice volta e agora queria ser chuva...’
Um som que não sabia de onde vinha começou a invadir, atrapalhar e ficar cada vez mais forte.
Era o despertador. Tudo não passou de um sonho.
E a chuva caia lá fora. Enfim...