terça-feira, junho 18, 2013


"Porque há direito ao grito. Então, eu grito" ou #Vemprarua

Em tempo...

"Todos devemos protestar
Não podemos nos intimidar
A terra nunca foi um lugar de amor e paz
Quem está aqui tem que lutar
Devemos protestar
Queremos revolução"
Ratos de Porão





Não se trata apenas de vinte centavos. Isso a gente sabe há muito tempo. Foi agora que você percebeu? Chega de aguentar tudo de boca fechada. Basta de tanta opressão. Proteste contra o aumento da passagem, do gás, do tomate, do açaí, da cebola e da cenoura. Não se esqueça, aproveite e proteste contra o dinheiro público utilizado para construir estádios; daqueles hospitais inacabados, sem leitos e profissionais; Grite contra a falta de segurança. Em favor de uma educação básica digna. Proteste também contra toda e qualquer manipulação; contra governantes corruptos; contra a polícia despreparada. Chega de discussões rasas e conversas fúteis  sobre a cor do batom, do cabelo ou do sapato;  usar ou não pincel pra passar base? Está mais que na hora de se importar apenas com as taxas de importação das maquiagens e bolsas importadas que quem paga é o papai.

Chega de achar que você precisa estar sem se questionar. Chega de pegar o jornal e se importar se sua foto saiu ou não na coluna social. Está na hora de abraçar a responsabilidades e nela assumir o que diz e faz. Está na hora de parar de criticar a vida dos outros que não interfere em nada na sua própria. Chega de achar que modelos prontos estão todos certos, sem questioná-los. Passou da hora de viver sem se importar se está com uma espinha, marca de expressões ou se as antigas calças jeans já não as servem. Chega de deixar ser levado pelo pensamento de que está bom. Bom? Está na hora de discutir se os hábitos que escolheu foi por vontade própria.

Quem disse que preciso ouvir aquela música que toca insistentemente na FM? quem disse que preciso ouvir música na rádio? quem disse que preciso estar no show ou na festa do momento? quem me perguntou o que eu quero antes de tomar decisões por mim?

A gente quer voz! A gente quer ser ouvido.

Grite contra a imposição. Proteste contra a falta de ciclovias e ciclofaixas. Contra PEC 37. Contra o mensalão. Contra a administração que não sabe administrar. Chega de cercas e muros que nos protegem. Basta de dinheiro público utilizado para fins que não seja em beneficio da população. Ah, mas vale lembrar que a gente não quer evento que mascare nada. NADA. Porque a gente sabe que tem administração que faz pensando no dinheiro que vem. Dinheiro que vem por trás, por baixo, dos panos. A gente não aceita pão e circo. "A gente não quer só dinheiro e felicidade. A gente não quer só dinheiro, a gente quer inteiro e não pela metade..."Proteste em favor da saúde pública que respeite o cidadão; A gente quer respeito. A gente quer educação de qualidade, de que vale as cotas e a facilidade de acesso se não temos o básico. A gente quer governo que olhe, que escute, que sente. A gente quer governantes-pessoas. A gente não quer prefeito que se acha diferente do povo. A gente não quer diferenças. Chega de desigualdades.  Chega de violência. Chega de impunidade. Chega de balas. Chega de "calar".

Pode começar pequeno, em casa, na rua de casa, no trabalho. Comece com atitudes. Se quiser levante cartazes, bandeiras... Não fique com o silêncio. Não aceite a ditadura.  Decida o que prefere protestar. Levante da poltrona. Saia da frente do computador. Reivindique seus direitos. Manifeste-se.

"Porque há direito ao grito. Então, eu grito" Clarice Lispector

domingo, junho 16, 2013


"Prefiro que as palavras brinquem comigo"

ou Tatiana Belinky .... e quem quiser que conte outra.

Fui dormir um pouco mais triste neste sábado. Ao chegar em casa recebi a triste notícia que Tatiana Belinky havia nos deixado.


Tatiana tinha doçura, a calma e a suavidade do cantar dos pássaros nas manhãs bonitas de primavera. Tinha a tranquilidade das músicas de ninar.

Tatiana foi vencedora do Prêmio Jabuti de 89, tinha mais 270 títulos publicados, entre eles, LimeriquesO Grande Rabanete, 17 é TOV.

Tatiana foi roteirista, adaptou O sítio do picapau amarelo para a tv. Fez teatro. teatro para criança.

Tatiana nasceu na Rússia, mas veio para o Brasil ainda menina, onde continuou com a alma de menina pra sempre. começou a ler aos 4 anos e até pouco tempo foi tradutora.

Tatiana traduziu diversas obras, entre elas contos de Anton Tchekhov. Mas sua tradução mais importante foi conseguir colocar toda sua alma intensa em todos seus textos. 

Tatiana tinha a leveza nos olhos e na escrita. Tinha o gosto pela literatura e pelas crianças que transbordava, e tanto me incentivou a gostar de ambos. 

Tatiana tinha uma voz carregada de emoção e de paixão pelo que fazia. 

Tatiana era uma senhora muito antiga, mas não velha, pois dentro dela morava uma criança, aquela que ela foi há muitos anos (como ouvi da própria escritora em uma de suas entrevistas)

Tatiana tinha uma biblioteca imensa em sua casa. sempre quis ter uma biblioteca imensa como aquela que sempre vi nas entrevistas de Tatiana. 

Tatiana era uma das escritoras que tanto admirei e gostaria de ter a honra de ter conhecido.

Aprendi com Tatiana que a gente não deve deixar de ser criança. Deve carregar-se de espontaneidade e deixar moralismos de lado. "O verbo ler não comporta imperativo, assim como o verbo amar"

É completamente impossível falar de Tatiana no passado. Tatiana será pra sempre eterna. Tatiana é tão linda como sua obra. Tatiana é tão doce como sua fala. Tatiana é tão profunda como suas histórias.

Escritores não morrem, escritores deixam obras (mais ou menos como dizia Borges)

Tatiana quando pequena queria ser bruxa. Eu queria ser Tatiana.


Tatiana Belinky em entrevista para o Cocoricó

segunda-feira, junho 03, 2013


Como andar de bicicleta

"É mais difícil matar fantasmas do que uma realidade"
Virginia Woolf



Eu nunca fui do tipo que segue padrões. Nunca. Enquanto todo mundo gostava de suco de morango, eu pedia suco de caju, mas engana-se você que acha que era para ir contra, é que na verdade, eu nunca gostei das coisas que todo mundo gostava. Quando gostava, gostava e pronto, assumia.

Não sou adepta de bebidas alcóolicas e carne vermelha. não me crucifique por isso. meu vicio está nas doses exageradas de chá verde (pode fazer cara de nojo) e suco de uva, assim como sou viciada em livros, desenhos de passarinhos, bicicletas, microfones e doces.

Quando ainda pequena minhas amigas queriam ser médicas, professoras, e eu queria trabalhar na tv. Sempre quis, muito antes disso tudo estar no centro das atenções.

É mas, nem sempre foi fácil. Enquanto todo mundo comia carne, eu me 'deliciava na sopa instantânea'  e nunca reclamei. Sou do tipo que se precisa fazer alguma coisa que eu não quero, mas não tem outro jeito, faço, mas faço do meu jeito. Se é pra ir pra praia vamos, mas vou de maiô, chapéu e bermuda, é só o meu jeito de enfrentar a situação. Enquanto todo mundo quer uma biz, eu quero uma bicicleta e pesquiso sobre formas alternativas de viver. 

Tirei carta, contra minha vontade, sabendo que é uma necessidade, odiando dirigir, meus pais acham um absurdo comprar uma camera ao invés de um carro. Assim, como minha familia toda ainda não entende muito bem  o que faço. Eles sabem que mexo com comeras e escrevo, desde 2005, quando escolhi um curso lá, que não era medicina, biomedicina, fisioterapia, direito, nem nada muito padrão. Fui fazer comunicação. Faz 8 anos que eles não compreendem muito bem minha vida. algo um pouco fora do padrão. 

Gosto de arte de rua, frases nos muros e tenho uns desenhos marcados na pele. Algumas pessoas não gostam desse meu gosto e me olham torto por isso; gosto de escrever e ler e não faço nada muito igual.

Certamente você não me encontrará na fila do cinema pra assistir ao filme do momento, muito menos na balada que 'bomba' na cidade, não verá minha foto na coluna social, muito menos fazendo obaoba pro jornalista bambambam do jornaleco da cidade, porque meus gostos passam longe do glamour que pseudo-socialite falida que a massa interiorana adora achar que é chique acha bonito.

Minhas opiniões não pairam sobre aquilo que eu li no livro de autoajuda ou naquele mais vendido, pois não é essa a literatura que me agrada. Tenho dificuldades em aceitar aquilo que todo mundo curte e me questiono sobre isso.

Você pode achar tudo isso muito umbiguista, egoista, narcisista ou o que bem entender. me desculpe. ache o que achar. minha opinião não muda muito fácil por causa da sua. Levei anos pra aprender que a gente não precisa - e nem vai -  agradar a todos. 









domingo, junho 02, 2013


Bang Bang




Não tinha medo o tal João de Santo Cristo

Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu
Legião urbana 



Quem me conhece sabe que sou uma grande admiradora da sétima arte (principalmente dos filmes que só rolam no circuito alternativo). Claro que tenho minhas preferencias, diria que um pouco distintas da população em geral. Nunca assisti "Transformers", muito menos "Velozes e Furiosos". E odeio filmes com efeitos especiais. Gosto dos filmes 'crus', onde o roteiro, a interpretação dos atores, a trilha, pesam mais do que qualquer outro recurso que disperse o telespectador. Sempre preferi as salas de cinema vazias (como no filme Che) a toda aquela agitação característica.

Minha lista de favoritos, com raras exceções, passam longe do nosso país. Sempre olhei torto para produções da  Globo Filmes, principalmente aqueles que trazem os humoristas da telinha. Porém ontem fui assistir Faroeste Caboclo, uma parceria entre a Globo Filmes e Tele Cine productions.

Há exatamente 1 mês depois de assistir Somos tão jovens - e enfrentar uma longa fila - assisti a tão comentada história bang bang de João de Santo Cristo, Maria Lúcia e Jeremias.

Perdoem-me os fãs de Legião (quando a banda no auge do sucesso, meus interesses não passavam dos de uma menina de 3, 4, 5 anos, no máximo), mas o que me levou ao cinema foi ficar sabendo que Rene Sampaio, diretor do longa, bebe na mesma fonte de Tarantino, que ambos são fãs fervorosos da faroeste spaghetti,  imortalizada pelos italianos Sérgio Leone e Sergio Corbucci.

Faroeste Caboclo é uma espécie de filme que a grande maioria, assim como eu, não está acostumada a ver no cinema nacional (sempre com roteiros parecidos aos de novela). Gosto de finais surpreendentes que vão além do "e foram felizes para sempre".

Claro, que os roteiristas se apoiaram na canção homônima, mas a diferença de ouvir a história e vê-la é um pouco diferente. As linguagens são diferentes e a interpretação dos atores pesa demais. Destaque para Fabricio Boliveira, que dá vida lindamente ao personagem principal, mesmo sem falar nada consegue transmitir tudo, ele não coloca o personagem na categoria mocinho ou bandido.

Faroeste Caboclo me surpreendeu. Parece que o cinema nacional descobriu Renato Russo que queria aos 20 ser cantor, aos 40 cineasta e aos 60 escritor. Parece que a indústria cinematográfica de certa forma realizou o sonho do cantor. Que venham os próximos. 'Eduardo e Monica' parece que encabeça a lista. Vamos aguardar.


sábado, junho 01, 2013


Os textos e os escritores

O legal de trabalhar em uma editora, entre diversas outras coisas, é ter contato com os originais dos escritores antes do grande público.

Poder ver o texto antes dele se unir as ilustrações e passar pelo trabalho da diagramação pra mim é mágico, porque consigo medir todo meu apreço por ele.

Quem analisa o texto, decidindo se ele vai ser publicado ou não, é o conselho editorial. O texto só chega pra equipe que vai 'trabalhar' (de certa forma) nele depois de passar pela análise.

Quando gosto e me envolvo com o texto antes dele passar pelas etapas iniciais para virar livro, fico ansiosa para me apaixonar ainda mais quando ele estiver  pronto, quando as páginas coloridas trazem o texto e aquele aroma que só os amantes de livros sabem o que é.

Tem livro que a ilustração salva o texto, tem ilustração que complementa o texto e texto que não precisa de ilustração.

Fico só imaginando os primeiros leitores de Howl - que rendeu posteriormente processo ao escritor e ao editor -, de Allen Ginsberg, ou On the road, de Jack Kerouac, que marcaram a geração beat, ou até mesmo, Harry Potter, de J K Rowling, que foi recusado por várias editoras antes de ser publicado e se tornado um fenômeno. Imagine se os editores não tivessem se apaixonado e acreditado no trabalho deles? Imagine quando os originais de Kerouac ou Ginsberg, antes mesmo de 50,  ou mesmo Clarice Lispector, Virginia Woolf, Jane Austen e tantos outros, talvez aos chegarem nas editoras seus nomes não tivessem o peso que têm hoje, mas seus textos independente de tudo cativaram e, de certa forma, envolveram quem os publicou.

Tem texto que é muito bom e não precisa do peso do nome do escritor. tem texto que é bom, mas precisa  de escritor de nome pra vender e tem texto que por si só não precisa de nome de escritor pra segurar a obra. Tem escritor que só quer fama de escritor. Tem escritor que não gosta de aparecer e escritor que vive de aparecer. Tem escritor que não sabe escrever, mas quer publicar. Tem escritor que acredita no que faz e faz porque acredita. Tem escritor chato, escritor simpático, escritor que fala demais e escritor que é escritor de verdade.

Prefiro os escritores que acreditam na sua obra e deixam que elas falem mais (do que e por)  eles.

Kerouac e o rolo de 37m que se tornaria sua obra mais famosa, On the road


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