sábado, julho 20, 2013


Meu caso com a gramática ou A turbulenta relação do brasileiro com a língua portuguesa




"Esta é uma declaração de amor: Amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor."
Clarice Lispector



Não que eu seja exigente, mas dar uma escorregada na língua portuguesa perde 10 pontos comigo.


O meu trabalho me fez um pouco escrava das regras ortográficas e muito mais exigente em relação (a grande quantidade despretensiosa de) textos que leio.

Tenho uma mania nada educada de corrigir (mentalmente) concordância verbal ou palavras grafadas incorretamente seja em rotúlo de shampoo, pacotes de pão, sacolinhas do supermercado...

Pode ser que essa minha relação extrema com a língua portuguesa tenha se dado pelas vezes que recebi um belo de um puxão de orelha pelas pequenas escorregadas (quem nunca?), quando ainda acreditava na redação publicitária, em um tempo verbal um pouco distante.

Em geral o brasileiro tem problema com a língua portuguesa. Problema é pouco, em geral o brasileiro tem trauma das aulas de português, jogando a culpa nas demasiadas regras da língua. Coitada.

No geral o brasileiro tem dificuldade em distinguir a diferença entre MAS e MAIS, PORQUE, POR QUE, PORQUÊ e POR QUÊ, SE NÃO e SENÃO, AONDE e ONDE e insiste sempre em optar pela forma errada ao escrever.

Não estou falando das regras necessárias para se escrever um texto jurídico ou sobre as regras da ABNT, estou falando daquele português do dia a dia, daquela fala simples que a galera compartilha fácil com os amigos virtuais.

Em tempo de explosão das redes sociais, facilidade em publicação na internet, onde todos têm voz - e isso é ótimo - tal problema com a língua se evidencia. O indivíduo nasce e ganha junto a certidão de nascimento, um login e senha para o facebook.

Alunos, professores recém formados e estudantes de pedagogia (e muitos outros, e muitos outros), têm mostrado do que está povoada as faculdades e como escrevem os próximos mestres do futuro desse país, através de frases bombásticas, repletas de erros, gerúndios e com uma concordância sem igual. Pessoas que não tem a mínima noção da diferença de uso de s, ss, ç, x e ch. Anciosos de plantão pela prova ou show;  gente apaichonada que deseja que o amigo seje feliz e esteje bem; muita gente  chatiada, assim como eu, com o assassinato da língua portuguesa.




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