Ontem estive no Festival de Cinema de Paulinia. Rá. Decepção.
Nessas horas nos vem a tona um misto de raiva e ‘vamos mesmo colocar nossos narizes de palhaço'. E nem mesmo NESSAS HORAS podemos deixar de lembrar de Leminski, rir é o melhor remédio, afinal 2 horas de fila, frio insuportável e ‘só entra famoso e influente’, a melhor coisa é achar graça e dar meia volta.
Mas somos brasileiros e na fila vamos reclamando, conhecedo a galera, fazendo novas amizades, rindo pra esquentar. Tem o violeiro, a figurante QUE NUNCA MAIS VAI QUERER SER FIGURANTE, as crianças que participaram e choram por não poder entrar, o líder estudantil que vaia incansavelmente, o inconformado com a administração paulinense, o que foi só trocar a pulserinha para o show do Caê, o casal que foi só comer um lance e pediu pra guardar a fila e não voltou mais, e a todo instante as ‘minas’ vão passando cm seus micro vestidos, ‘ué viemos na balada certa?’, questiono-me a todo momento.
Sem contar, é claro, do estacionamento, afinal você acha que iríamos mesmo de graça para Paulinia, ah, desculpe, para o Festival de Cinema de Paulinia? Rá! Então pra quem ainda pretende ir, R$ 25 do estacionamento – que devolveram depois de irmos atrás dos ‘carinhas’.
Eu realmente achava que era um festival sabe, festival mesmo, com várias salas e tal, - fui ver- mas não. Era no teatro, imponente THEATRO MUNICIPAL DE PAULINIA, ou seja, quem chegou pra assistir algo às 18, não desgrudou da poltrona - não tiro a razão das pessoas, estavam certas mesmo, se fosse eu não sairia dali - permaneceu lá até a exibição de ‘O Palhaço’ às 21h e quem estava lá fora pra ver a primeira exibição do filme mais esperado do dia, do grande Selton Melo, adivinhem: ficou chupando o dedo e passando frio. Lamento.
Lamento mesmo. A organização poderia ter o mínimo de respeito com as pessoas ali e dizer ‘viu, esgotou’ ou ‘vai ter outra sessão’ ou sei lá, o mínimo de respeito. Fato é que somos brasileiros e brasileiro você sabe qual é, RESPEITO, você viu perdido por aí?
Ando cansada sim. Cansada dessa pouca vergonha que é a cultura. Quando você tem algo ‘de graça’ pra população a organização é ‘ótima’ dessa maneira e a POPULAÇÃO mesmo, aquela que mora no lugar, paga impostos e ingressos realmente não tem acesso. Isso me fez lembrar o caso do CCL da minha cidade, não sei porque, mas isso é uma outra história.
Se todos fossemos tratados com respeito com todo certeza as coisas seriam diferentes. Quando as pessoas são tratadas como animais a reciproca não pode ser diferente.
Nesse caso a distribuição de um ticket cultura, vale entrada ou sei lá o quê seria ótimo e mais organizado.
Afinal tem coisas nessa vida que a gente sabe desde o principio que não são por acaso, assistir ‘O palhaço’ ia ser uma palhaçada, embora eu queria mesmo era assistir o curta ‘Polaroid Circus’ - circo e palhaço não é mera coincidência.
São fatos como esse que levantam a discussão sobre levar cultura para a população, aquela que não tem acesso ao teatro, ao cinema, porque o ônibus pára de passar às 22h e a sessão termina às 23h. Mesmo assim não deixo de acreditar que isso é possivel, só falta organização.
Depois de Festivais Literários, Festivais de Cinema, só me falta a decepção do festival de teatro - espero que não. Vou lá ver qual é.
E o dinheiro do pedágio quem vai devolver?
PS:Não estou aqui discutindo a qualidade dos filmes, que eu acredito serem realmente muito bons, estou apenas descrevendo um fato.
