domingo, setembro 26, 2010


No mundo mágico, frio, vazio e anônimo da internet

Primeiro você me responde se mantêm suas relações virtuais com a mesma intensidade que mantêm suas relações reais. Se você considera mais fácil manter centenas de “best friends” nas ondas ocultas, imaginárias e anônimas da internet do que no tête a tête da vida real. Quantos dos seus contatos de sites de relacionamentos ou de mensagens instantâneas você REALMENTE conhece de verdade? Depois disso você me responde se suas relações virtuais ficam apenas na identidade oculta do espaço digital ou elas se perpetuam para um contato físico, diria que mais real.

Se com a maioria das suas respostas você concluiu que seu espaço e suas amizades é mesmo no mundo real, parabéns. Não, isso não é mais um daqueles testes que você deve estar cansado (a) de ler naquelas revistinhas que trazem o ídolo pop teen do momento na capa. A ideia é defender de que deveríamos aproveitar mais o mundo real em detrimento daquele mundo repleto de gírias, vazio e completamente valentão (leia-se covarde) do cyber-meios.

Não sou dona da verdade, mas tenho a minha, acho um absurdo as pessoas acharem que fulano é seu “amigo” só porque você o adicionou nessas redes sociais que vocês sabem o nome, ou porque sicrano o segue e respondeu um “tweet” seu. Uma coisa é você ser (quiçá) amigo do seu vizinho, outra é você atender ao telefone e identificar que do outro lado quem fala é seu “amigo”, o gerente do banco. Enfim, tirando as comparações baratas que esta que vos escreve adora fazer, gostaria de salientar principalmente aquela história de que o famoso fulano de tal nutre sobre a legião que o segue enviando recadinhos naquele programinha até que legal, famoso, que você só pode escrever 140 caracteres, ou no seu blog, ou seja lá onde for, nesse meio nada real que adora aproximar as pessoas, fazendo com que os chamados fãs sintam-se retribuídos pelo carinho e por tudo o que fazem.

Os famosos “scraps”(desculpe, eu sei que este termo está em desuso) não os tornam amigos, colegas, conhecidos próximos ou íntimos. Você já ouviu aquela historia de que atores, apresentadores, repórteres e qualquer desses seres que aparecem na televisão, ou diga-se se passagem, invadem nossa casa, sem pedir licença e por isso as pessoas sentem-se no direito (e na liberdade) de achar que são nossos “amigos”. Pois é, a história é a mesma, a ideia não é construir relações e interações reais, a ideia é que você continue lotando os shows DELES (os artistas), continue comprando seus CDs, assistindo seus discursinhos tolos e eles continuam te mandando recadinhos fofinhos no intuito que a relação de vocês fique tão forte (como você acredita) e que você passe a gostar ainda mais do famoso fulano de tal. Isso só mesmo no comodismo dos Blogs, Twitters, Facebooks, Orkuts da vida, porque no olho no olho mesmo...

Acho um absurdo pessoas que se escondem nos obscuros becos da internet, que criam personagens, que falam o que quer, e possivelmente lerão o que não querem. A internet é assim, terreno pra verborragia*, pra relações frias, para a falta de bom senso.

Amigos VERDADEIROS e REAIS são aqueles que não te deixam sem resposta, pode ser uma resposta boa ou não; Amigos reais e verdadeiros são aqueles que você pode contar em dia de sol ou de chuva na piscina do seu prédio; Amigos reais e verdadeiros não vão elogiar a todo instante teus gostos, hábitos e manias, mas estarão sempre ao teu lado pra te criticar; Amigos verdadeiros e reais estarão ao seu lado até mesmo pra você andar de carro importado ou aquele que já nem se fabrica mais, mas vocês terão historias boas pra contar.

PS: Sem generalizar, óbvio.

PS1: Família de verdade a gente não identifica pelos gostos musicais. Família não se vai como essas modinhas coloridas musicais.

*Verborragia: Superabundância de palavras com poucas ideias.

PS2: Pessoas, mil perdões, eu sei que eu falo demais, escrevo demais, o problema é que não consigo fazer textos pequenos com ideias menores ainda. ÀS VEZES, ou na maioria delas, eu sei que cansa ler um texto grande, mas adoraria que você ÀS VEZES, se não for pedir demais, lessem minhas opiniões por inteiro, afim de que eu não seja mal interpretada. Se não concordar também, sem problemas, opinião cada um tem a sua, não é? A idéia deste blog é aguçar discussões interiores. Obrigada.

terça-feira, setembro 07, 2010


Roda Vida. Roda Gigante. Roda Moinho. Roda Peão

Já decidi. Quando eu for gente grande quero continuar sendo criança, sem medo de ter medo de escuro. Achando muita graça no frio que dá na barriga todas as vezes que estou na roda gigante. Crescendo devagarzinho, de pouquinho em pouquinho diante dos infinitos gigantescos mínimos tropeços. Continuando não entendendo como funciona o fax, a matemática, o indesign, a grosseria e a maldade das pessoas. Pintando o sete com as cores do arco-íris na ponta dos dedos. Colorindo os dias nublados com o giz de cera e os bolinhos da vovó. Brincando de descobrir desenhos nas nuvens e ir correndo me esconder por entre o algodão doce.

O “não faz sentido” me é instigante e só aposto no que faz brilhar os olhos. O difícil me aborrece, a obrigação me irrita e o que preciso fazer à contragosto me faz chutar o balde. Choro sem motivo, da mesma forma, dou risadas. Quer me fazer sorrir? Então me envie um cartão colorido, um cubo mágico, balas e doces, e me faça surpresas.
Gosto de inventar mundos, criar personagens secretos e imaginários, fazer de conta que acontece. Abraço apertado, falo bem alto, canto destoando da melodia, invento a letra da canção. Tenho todas as perguntas na ponta da língua, não costumo vestir armadura, e faço figa para saber a resposta.

Gosto de marcar o nariz na vidraça, assim como desenhar o sol quando respiro bem perto. Lambuzo-me com o sorvete de pistache, como chocolate três vezes por dia, passo o dedo no glace e não ligo para que os outros pensem.
Aos poucos anestesio a dor com doses mínimas de simplicidade, embrulho a tristeza e abro caixinhas de surpresas. Irrito com o “já chegou?”, “Está chegando?”, “Você gosta de mim?”, “É de verdade?”, "Tem cor de rosa?" e o “Por que o mundo gira e a gente não percebe?”, além dos outros porquês. Não vivo sem as aulas de português, “se é com j ou com g”, “qual o porquê que eu uso” e o “com que letra começa?”.

Ralo o joelho, trombo com a porta, fico de castigo, grito bem forte. Rolo pela grama, não sei quase nada e posso sempre tudo. Adoro a hora do recreio e odeio a hora de ir dormir, portanto, leia-me histórias e me faça cafuné. Tomo água da chuva quando estou debaixo dela. Misturo choro com risos, doce com chiclete. Não tenho relógio e tenho muita pressa, por isso corro bem rápido. Desvendo mistérios. Acredito no sonho e não me venha com o tal do impossível.

Quero olhar e não ver perigo. Quero rir e fazer sorrir. Quero o dia mais feliz do mundo, todos os dias da minha vida.
Confio, enfrento, desconfio e contesto. Acredito que o mundo é feito apenas de sorriso, fantasias e brincadeiras, mesmo que ele me prove o contrário.


quinta-feira, setembro 02, 2010


Uni, duni, tê, salamê, míngue


Quem foi o ser desumano que inventou que aos 18 anos somos suficientemente maduros para determinarmos o que faremos durante os próximos 43 anos? Se ao menos aos 17 tivéssemos em mente o que será feito no próximo final de semana, seria fácil comprar uma passagem para um destino até então desconhecido.

O pior é que não basta gostar desse destino. Além de gostar, a sua escolha deve ser a fonte de onde proverá todo seu sustento, a não ser que você ganhe na loteria, seja político ou tenha sucesso na literatura de auto ajuda.

Eu sei muito bem que nessa idade é tudo festa, confete e purpurina (não me entenda mal). Que você está com quase 18 anos e com quase DEZOITO você acha que é dono do próprio nariz, que é descolado, que tem vários amigos, que está entre os 10 mais do colégio, que sabe o que quer da vida, curte Lady Gaga ou essas bandinhas RGB 4x4, que só porque vai atingir a maioridade, acha que é adulto e responsável o suficiente. (Rs)

Perdoe meus risos. Ledo engano. Não que você não seja completamente, mas...
Não é folheando o guia do estudante que você vai se deparar com o que é melhor pra você. Você pode até encontrar a lista dos cursos mais badalados, dos salários mais altos, do perfil de cada profissão. Mas não se baseie no perfil, não escolha nenhum porque você acha que se enquadra em um deles, e nem tente se encaixar.
Aos 17/18 anos você apenas acha. Aos 17/18 anos você não tem noção do tamanho da realidade.

Nem eu tinha.
Hoje sou totalmente contra quem segue a risca os padrões que a sociedade impõe: que casa porque está tarde pra continuar sendo solteiro, que tem filho porque está chegando a hora... então porque determinar o que você será pela vida inteira, quando você mal sabe que doce escolher.

Entrei na faculdade aos 18. Me formei aos 21. Tinha orgulho de ser produtora – roteirista – apresentadora - diretora de arte. Saí da faculdade com um diploma na mão, muitos sonhos na cabeça e nenhuma experiência e dinheiro na carteira.
Só eu sei quanto sofri para encontrar um emprego: cidade pequena, curso desconhecido e vários leigos no mercado.

A realidade da profissão não é o que escrevem na revista, desenham em fotos e discursam na faculdade. Se você acha que publicitário passa o dia inteiro tendo idéias mirabolantes, campanhas milionárias, tomando cappuccino o dia inteiro, enchendo o bolso de dinheiro e ganhando leõezinhos todo ano, acho melhor marcar xizinho em outra opção.

Não quero te desapontar, mas escolha o que te dê orgulho no final do dia e não se importe se você tem 17, 18, 19 ou 30, afinal, nada é definitivo, nem a vida.




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