sexta-feira, maio 24, 2013


Mais do mesmo II

A saída não é criarmos um blog de moda, um novo reality, levar colunismo social a tv do interior ou apostar na fórmula - mais que - batida do stand-up.

Tudo isso é muito fácil. é muito seguro.  Quase ultrapassado. Por que apostar no clichê? Esses que chegam antes mesmo do que o nosso pensamento. esses que já não provocam mais sentimento algum.

Não é porque a Gloria Perez achou que poderia dar certo, errou a mão na última novela das 9, que a gente vai acreditar que tudo é clichê. Que a vida é clichê, e vai lá, pronto, e copia. Não, não é assim. E é justamente por isso que a gente sabe que o clichê não dá certo.


Ainda mais clichê do que texto jornalístico que abusa das crateras, dos gols da rodada e do 'tem passagem pela policia', tem gente que ainda acredita e aposta que fazer da vida um clichê, um quadro que alguém já pintou, uma música que alguém já cantou pode dar certo.

É fácil copiar estilos, e formas, e modelos que deram certo. O difícil é ter a coragem de apostar no novo e fazer.  Porque ainda mais clichê do que o próprio clichê, viver é arriscar, é improvisar, é criar, é parar de insistir no mais do mesmo.





terça-feira, maio 07, 2013


Mais do mesmo I



Eu não sou o tipo de gente que tem opinião pra tudo. Me crucifique, mas não acho devemos ter uma opinião formada, na ponta da língua, sobre tudo, justamente porque sou do tipo de gente que acredita que a opinião deve ser espontânea.

Taí ESPONTÂNEA.

Independente de considerar certo ou errado, não acho que somos obrigados a dar opinião, porque as vezes não a temos. E dar opinião só por dar, é melhor ficar calado.

Não sei o que dizer sobre impasses comerciais, trigonometria ou análise combinatória. Na verdade não tenho o que dizer. Ah sim, só sei que odeio matemática e que só tenho uma opinião sobre ela quando vejo meu saldo bancário (somando as contas e diminuindo o saldo).

Eu não sou o tipo de gente que se mete em dar opinião sobre tudo, porque eu sou do tipo de gente que não tem opinião sobre tanta coisa...

Mas conheço um tipo de gente que é formada em ciências sociais e técnicas  de assuntos randômicos, nota 10 em todas as matérias, expert de receitas de bolo à candidato a vaga pra NASA, e por tal competência se julgam na posição de poder criticar, e exercer, E opinar em todas as áreas, E setores, da vida (incluindo o quesito profissional também)

Acho um barato esse grupo, a categoria encabeça a lista dos pseudos, eles julgam, afirmam, e acham que sabem tudo. Me desculpem, esse grupo não acha, eles têm certeza, independente do julgamento do seu olhar. Tome cuidado, não interessa o que você pensa, o que você faz ou sabe.

A internet fez crescer e muito esse ramo de atividade. Basta entrar no Facebook (que tem se popularizado muito entre eles, pena que, mesmo não admitindo, mal sabem usar) e Twitter,  é difícil não encontrar alguém pronto pra debater. Não precisa ter muitos argumentos, basta discordar, ser enérgico, virulento e escrever bastante, mesmo que nada faça sentido. Precisa ser polêmico. Esta é a palavra da vez.

Mas quer saber, são justamente essas pessoas que me fazem ter ainda mais convicção de que não preciso ter opinião, de tudo, pra todos, o tempo todo. Não vale a pena. Porque eu não sou obrigada - ainda.


PS. 1: Hoje em dia, pra tanta gente,  a gente é o que a gente conta pra todo mundo, então, veja bem qual grupo quer fazer parte.

PS. 2 : Se você tiver, pode deixar sua opinião neste texto

 

domingo, maio 05, 2013


Teatro é um barato, mesmo?

Ontem fui assistir à peça que há muito tempo queria ver e, finalmente, 4 anos depois da estreia em Brasilia, entrou em cartaz  por aqui. Simplesmente eu, Clarice Lispector,  vencedora do Prêmio Qualidade Brasil, trata-se de um monólogo com a atriz Beth Goulart, que além de atuar assina adaptação e direção do espetáculo, e domina com maestria o palco e dá vida a escritora, os conceitos e personagens clariceanos.



Para uma apaixonada descontrolada por Clarice - que compra novas edições de livros só para ter todas as capas - assistir ao que você sempre leu nos livros, em apenas uma entrevista em vídeo - que você já viu e reviu várias vezes -  e apenas uma entrevista em áudio - e quase que acompanhar a atriz nas falas, é incrível.

O sotaque nordestino com língua presa, muito confundido com sotaque estrangeiro,  de Clarice é interpretado belamente por Beth que também traz 4 personagens a cena.

Destaque para os delicados recursos audiovisuais - afinal, em época onde todo o público presente está munido de seu smartphone...  -  que desde a trilha, quanto o vídeo projetado no momento que se faz referencia ao conto AMOR. Tudo complementa sem deixar de sobressair a proposta que é apresentar a trajetória e entendimento da escritora com relação a assuntos variados.

Bem, realmente fui assistir a peça, porque era um caso de amor antigo, mas ao me deparar com o valor do ingresso - 60 reais (inteira) na bilheteria e 69 antecipado pela internet - passei a refletir sobre como colocar o teatro ao alcance da população com ingressos que custam cerca de 10% do salário da população comum?

Será mesmo  que é dessa forma que iremos popularizar o teatro? Será mesmo que o trabalhador que ganha 1 salário mínimo, que tem despesas com aluguel, conta de luz, água e criança pequena vai estar na plateia? Adianta ter leis de incentivo para peças levando cultura ao povo se não levar o povo até a peça?  Um pouco contraditório tudo isso não? Será mesmo que meia entrada para estudantes,  idosos e professores é a única maneira de incentivar a cena teatral?

Quantas pessoas terão oportunidade de ver essa maravilha e prestigiar a maravilha que é o teatro?

Palmas em pé para o espetáculo. Mas será mesmo que literalmente o teatro é um barato?

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