segunda-feira, abril 08, 2013


Enquanto todo mundo tem o que falar


Não se trata apenas de sair pelas ruas com faixas e rostos pintados gritando "Protesto!". Envelheci e creio que essa não seja apenas uma constatação do meu reflexo no espelho, da cor - ou a falta de - do cabelo, as linhas que já marcam a pele deixando nítido que o tempo passou.  Não. não precisa se compadecer da minha situação, até porque isso não é ruim. A medida que os ponteiros do relógio viram sem você se dar conta e as folhinhas do calendário vão sendo destacadas, a gente passa a abrir mão não apenas de disputar no volume da voz, na rebeldia, na cara feia, no "te pago na mesma moeda"... Com o tempo a gente passa a se importar menos com o que os outros vão pensar e se importar mais com o que você pensa.

Não compartilho maus tratos de animais, campanhas sem sentido,  fotos sensacionalistas, muito menos discussões rasas de quem não sabe muito bem o que defende. Fica difícil ver criança pedindo dinheiro na rua e não dar, mas é para o bem do indivíduo.

Não acredito em manifestações de quem não levanta da cadeira e adora gritar aos sete ventos, pois pra participar da ola basta, por alguns minutinhos que seja, levantar a mão e nisso o estádio inteiro participa.
Embora seja triste confesso que a minha enxaqueca me representa muito mais que os governantes que eram pra me representar. clichê. Talvez isso não faça o menor sentido pra você, assim como não faz sentido acreditar em democracia, quando aquele #Felicianoquenaomerepresenta - que só está lá porque foi eleito -  sem perfil nenhum para ocupar o cargo justamente de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Que coisa, não? Pois é, justamente hoje. hoje que todo mundo tem a mente aberta e que preconceito é como xingar a mãe ou coisa pior - não que realmente não seja. Mas é tão fofo ver que as pessoas - ou a grande maioria delas - não tem preconceitos com relação a classe social, cor da pele, opção sexual... pelo menos não diante dos olhares atentos na rede mundial dos computadores.

Enquanto tanta gente tem o que falar, eu prefiro ficar em silêncio. Porque certas vezes o silêncio também é uma forma de protesto e eu prefiro apenas ler o livro que eu escolhi ler, não o que me foi escolhido.

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