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quarta-feira, abril 10, 2013
Das velhas diferenças
Que somos todos diferentes uns dos outros, estamos cansados de saber, mas quando atendo o telefone da editora, porque a atendente não está, eu percebo nitidamente essa diferença. Sabe aquela coisa do preconceito que citei no texto anterior? Então, ninguém admite, porque hoje em dia todo mundo é cabeça aberta, mas fica claro principalmente quando se trata do "sabe com quem você tá falando?"
Quem me conhece sabe que não faço a menor diferença se é presidente, encarregado, subordinado ou desempregado, mas tem gente que faz e mesmo que não queira deixa claro isso. Pra mim não faz a mínima diferença se o indivíduo trabalha na feira ou é presidente de uma multinacional; se hoje seu ganha pão está na banca da esquina, vou tratá-lo com o mesmo respeito se amanhã ele ocupar a cadeira de presidente do senado - não que essa seja a melhor profissão do mundo. convenhamos.
A maior bobagem é acreditar que a pessoa é o cargo que ocupa, aquilo que tem, na garagem, na conta corrente ou no sobrenome. Uma das coisas mais vergonhosas é realmente cogitar que alguma coisa te faz melhor que alguém.
Voltando ao telefone da editora, só estou escrevendo este texto devido a atendente não ficar muito na mesa dela e isso, consequentemente, me obrigar a atender o telefone. Quando as pessoas não sabem com quem estão falando, mesmo que esse alguém, seja a telefonista - e isso não deveria fazer diferença -, eles tratam com rispidez e grosseria, nem de longe é a mesma gentileza quando falam diretamente com moça do audiovisual depois de serem transferidos. Não que eu esteja reclamando, pois acho impossível mudar certas coisas, justamente porque as pessoas refletem aquilo que são.
O problema é que essas mesmas pessoas que acreditam que só quem sai em coluna social, quem aparece na tv, quem tem sobrenome tradicional, quem tem cargo importante, quem tem carro do ano e cartão de crédito sem limite é que merecem respeito, mas essas tais que não mereciam sequer uma dose do dito cujo, o problema é precisamos manter o politicamente correto, a regra da boa convivência.
Acreditar que optar por uma vida alternativa, andando de bicicleta, a pé ou de ônibus, o faz pior que o indivíduo que anda de Bugatti Veyron só pode ser pura ignorância. Humildade e respeito não é questão de dinheiro no bolso.
segunda-feira, abril 08, 2013
Enquanto todo mundo tem o que falar
Não se trata apenas de sair pelas ruas com faixas e rostos pintados gritando "Protesto!". Envelheci e creio que essa não seja apenas uma constatação do meu reflexo no espelho, da cor - ou a falta de - do cabelo, as linhas que já marcam a pele deixando nítido que o tempo passou. Não. não precisa se compadecer da minha situação, até porque isso não é ruim. A medida que os ponteiros do relógio viram sem você se dar conta e as folhinhas do calendário vão sendo destacadas, a gente passa a abrir mão não apenas de disputar no volume da voz, na rebeldia, na cara feia, no "te pago na mesma moeda"... Com o tempo a gente passa a se importar menos com o que os outros vão pensar e se importar mais com o que você pensa.
Não compartilho maus tratos de animais, campanhas sem sentido, fotos sensacionalistas, muito menos discussões rasas de quem não sabe muito bem o que defende. Fica difícil ver criança pedindo dinheiro na rua e não dar, mas é para o bem do indivíduo.
Não acredito em manifestações de quem não levanta da cadeira e adora gritar aos sete ventos, pois pra participar da ola basta, por alguns minutinhos que seja, levantar a mão e nisso o estádio inteiro participa.
Embora seja triste confesso que a minha enxaqueca me representa muito mais que os governantes que eram pra me representar. clichê. Talvez isso não faça o menor sentido pra você, assim como não faz sentido acreditar em democracia, quando aquele #Felicianoquenaomerepresenta - que só está lá porque foi eleito - sem perfil nenhum para ocupar o cargo justamente de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Que coisa, não? Pois é, justamente hoje. hoje que todo mundo tem a mente aberta e que preconceito é como xingar a mãe ou coisa pior - não que realmente não seja. Mas é tão fofo ver que as pessoas - ou a grande maioria delas - não tem preconceitos com relação a classe social, cor da pele, opção sexual... pelo menos não diante dos olhares atentos na rede mundial dos computadores.
Enquanto tanta gente tem o que falar, eu prefiro ficar em silêncio. Porque certas vezes o silêncio também é uma forma de protesto e eu prefiro apenas ler o livro que eu escolhi ler, não o que me foi escolhido.