quinta-feira, abril 21, 2011


Daquele velho hábito de escrever


Tenho escrito bem menos nos últimos dias. Bem menos.
Os surtos na madrugada que me faziam procurar os papéis quase sempre pelos cantos hoje me deixam dormir mais.
Tenho escrito bem menos e vivido bem mais.

segunda-feira, abril 04, 2011


Você acredita em contos de fadas? ou Bem-vindos ao mundo real

"Não cortaremos os pulsos,
ao contrário,

costuraremos com linha dupla
todas as feridas abertas."
Lygia Fagundes Telles

Quando foi mesmo que ela largou as maria-chiquinhas? E aqueles sorrisos largos de todas as manhãs? Não, não sei ao certo, mas a menina-teimosa que jamais deixaria de fechar os olhos e esticar os braços para voar, passou, enfim, a acreditar que os sonhos estavam mesmo fora de moda e que a magia não podia mais dissolver corações gelados.

Não isso não é justo. Não é justo. Ela, justo ela, que a cada escurecer tirava do bolso alguns pares de vagalumes escondidos. Justamente ela, ela que ainda ontem procurava borboletas cintilantes, hoje já não acredita que daquela cartola é possível encontrar coelhos nem arco-íris encantados. Sim, ela deixou de construir castelos de areia com medo que os ventos os derrubassem.

Pois é, ela, ela que sempre manteve os braços apertos dispostos a abraçar bem forte e palavras mágicas, na ponta da língua, capazes de fazer gente feliz, não podia mais regar as plantações de ‘vai dar tudo certo´.

Não, não pode ser verdade, que ela já não construi laços de frases bonitas e amor eterno, e está atrapalhada com os nós que a amarram.

Será que tem como alguém levar até ela... você que passa pela estrada, um pombo-correio ou sinal de fumaça, um recadinho das bandas de cá? Só diz bem baixinho no ouvido dela, com muita delicadeza, para que ela tenha calma e peça o mesmo ao seu coração tão apertado.

Peça pra ela empurrar o carro só mais um pouquinho e não colher mais cactos achando que é rosa. Aproveite e sopre um pouco desse pozinho, que lhe envio nesta caixinha tão mágica, sobre ela. Peça para que durma um pouco depois do 'entrou por uma porta e saiu pela outra’, vai, pede pra ela fazer um esforcinho. E depois do 'e quem quiser que conte outra' peça para que sonhe, sonhe, sonhe... com a história que escreveu e que ela pode ter certeza que é possível escrever história sem ponto final e ao mesmo tempo ser feliz para sempre...


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